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Peter Berlin: O deus nórdico do sexo

O cabelo do He-man, os olhos de Terence Stamp, a desenvoltura sexy de Iggy Pop, músculos invejáveis e um bronzeado perfeito. Essas semelhanças com ícones da cultura pop somadas à sua atitude fizeram do modelo, fotógrafo e cineasta pornô Peter Berlin um dos primeiros sex symbols do mundo erótico gay dos anos 70. Berlin era sensual e mostrava a sua sexualidade de forma quase feroz, em jaquetas de couro e jeans justíssimos, incendiando o imaginário gay.
 
Durante a última edição do Festival Mix Brasil em São Paulo, o público lotou as duas sessões onde foram exibidas “Nights in black leather”, clássico pornô estrelado por Berlin em 1973, cujo negativo original estava desaparecido, tendo sido encontrado e restaurado em 2005. Neste mesmo ano, sua trajetória foi relembrada com o lançamento do documentário “That man: Peter Berlin” de Jim Tushinski, no qual amigos e fãs falam da sua convivência com Berlin.
 
Nascido Armin Hagen Von Hoyningen-Huene em 1942, na Polônia, ele cresceu em Berlin, vindo de uma família de aristocratas decadentes e decidiu seguir os passos do tio-avô George, famoso fotógrafo de moda. Com vinte e poucos anos, Peter estudava em uma das melhores escolas de fotografia da Alemanha e conseguiu emprego em um programa de TV especializado em moda e astros de cinema. Graças a esse programa, o sortudo Berlin passou três anos viajando para Paris, Roma e Londres para fotografar celebridades como Sophia Loren, Catherine Deneuve, Alfred Hitchcock, Pierre Cardin e Valentino.
 
Mas o que realmente esquentava o sangue de Berlin eram as fotografias sensuais. Narcisista ao extremo, o loirão adorava fotografar ele mesmo em poses de tirar o fôlego. Quando não estava se divertindo com a sua câmera, Berlin não dispensava uma paquerada gostosa em parques e estações de trem, usando suas roupas coladas, desenhadas por ele mesmo.
 
No início dos anos 70, muda-se para a fervilhante São Francisco e sua sensualidade começou a chamar a atenção dos gays da cidade. O moço logo foi convidado para exibir suas fantasias em “Nights in black leather”. Após essa excitante experiência, Berlin resolveu escrever, produzir e, claro, estrelar “That boy” (1974), onde interpreta o animado Helmut e suas transas em estúdio fotográfico, bares e academias da capital gay da terra do Tio Sam. Desfilando pelas ruas da cidade, Berlin lembra um deus nórdico brincando em um paraíso de prazer e luxúria.
 
Até o final da década, Peter fez mais quatro filmes eróticos curtos e abandonou o cinema pornô para continuar a se dedicar à fotografia e ao design gráfico. Já fazendo parte da primeira geração de superstars do homoerotismo americano, sua imagem não seria mais esquecida e seus posters, fotos e filmes continuaram a ser vendidos nos EUA e Europa.
 
Fotografado até por Andy Warhol e desenhado pelo mítico Tom of Finland, Peter Berlin permanece por três décadas como uma lenda viva, um homem que transformou seu tesão em uma eterna exposição de arte erótica.

*Matéria originalmente publicada na edição número 9 da Revista A Capa 

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