O trio londrino Placebo surgiu no fim dos anos 90 e ocupou o vácuo deixado por outra banda inglesa e gay, o Suede (até podemos dizer que os meninos saíram das costelas deles). Logo de cara o Placebo chamou atenção da crítica especializada e fomentou fã-clubes. Pode-se dizer que o responsável por isso foi o vocalista Brian Molko (foto) com o seu visual carregado e andrógino.
Mas, foi com o segundo disco, "Without you I’m nothing", que a banda se estabilizou e se revelou como umas das melhores do final do século 20. Hits como "Pure morning" e "Every you, every me" tocaram incessantemente nas rádios do mundo inteiro. Os meninos atingiriam o seu auge com o terceiro disco, o pesado "Black Market Music", e se envolveriam em uma grande polêmica. A música "Special K" foi proibida pelo governo londrino por "fazer apologia" à droga que dá título ao single.
Após esse disco e uma longa turnê, a banda deu uma sumida e voltaria em 2003 com "Sleeping With Ghosts", iniciando uma nova fase da banda. Já não estavam todos de pretos, Brian Molko não voltou tão andrógino, mas nem por isso menos gay. O som da banda também mudaria, os riffs fáceis e rápidos dariam lugar a músicas mais densas e melancólicas. As composições, porém, se apresentariam mais pessimistas e os temas ainda continuariam a girar em torno das drogas, solidão e homossexualidade.
Em 2007 foi a vez de "Meds", considerado por fãs e crítica o mais fraco da banda. Nesse mesmo ano eles se apresentariam pela segunda vez no Brasil. E, agora, eles acabam de lançar "Battle For the Sun", atingindo o pico de seu amadurecimento musical. Tirando a música que abre o disco, "Kitter litter", a mais chata, a banda acerta ao apostar em novas sonoridades.
E já na segunda canção, "Ashtray heart", lembramos um tanto do antigo Placebo, mas aqui a banda já inclui backing vocal, até então ausentes em seus trabalhos. O resultado é uma bela canção. Em seguida vem "Battle for The Sun", primeiro single de trabalho. Aqui, Brian Molko rasga versos como "eu espero pelas batalhas do sol/ sonhe meu irmão/ meu amor/meu assasssino". De repente, eles não mudaram tanto assim…
Mas o grande destaque do disco vai para a canção "Devil in Details". Com certeza uma das melhores canções já produzidas pela banda. Com um ritmo quebrado, ela cria um clima de tensão e claustrofobia. A letra também não deixa por menos, por exemplo, nessa estrofe: "Caminhos cruéis nunca mais/ Voltam para me assombrar/ Ele escreveu as músicas/ Que eu esperei escrever um dia/ Parece que o diabo está aqui para ficar".
Em entrevista recente à "NME", Molko declarou que voltaria mais "otimista" em seu novo disco. Isso depende do ponto de vista. Enfim, "Battle For the Sun" é o melhor disco dessa nova fase da banda, que está menos andrógina, mais séria, mais preocupada com a evolução musical do que com as roupas. Ah, e não poderia deixar de registrar. Não é apenas o disco que é novo, o baterista também. O californiano Steve Forest assume as baquetas que um dia foi de Steve Hewit.