Os policiais militares Ailton de Jesus, de 43 anos, e o soldado Diego Clemente Mendes, de 22, que estavam presos por mentir sobre o assassinato da travesti Laura Vermont, de 18 anos, foram soltos na quarta-feira (24) pela Justiça de São Paulo, depois de pagarem a fiança de um salário mínimo.
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Os policiais haviam dado um testemunho mentiroso sobre a morte de Laura, que foi agredida, esfaqueada e baleada no último sábado (27). E, depois admitiram que um deles havia dado um tiro no braço da vítima.
O juiz Antonio Maria Patiño Zorz declarou que "não parece razoável acreditar que os acusados, ainda que pairem suspeitas, causarão, em liberdade provisória, risco concreto à ordem pública". Os policiais são acusados de fraude processual e falso testemunho, e também são investigados se são responsáveis pela morte de Laura.
O delegado José Manoel Lopes, do 32º DP, declara que os principais suspeitos na morte de Laura são os dois PM. Ele só espera que o laudo aponte se Laura morreu em decorrência do disparo ou das agressões. "Só com os resultados dos laudos periciais é que a investigação poderá apontar os possíveis responsáveis pela morte dela".
O CASO
Na madrugada do último sábado (20), os PMs foram acionados para apartar um linchamento que Laura estava sofrendo na Avenida Nordestina, em Itaquera. Segundo o depoimento, enquanto tentavam conter as agressões Laura entrou na viatura policial e dirigiu até batê-la em um muro.
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Na primeira versão dos PMs, Laura teria saído do veículo, foi atropelada por um ônibus, bateu a cabeça numa placa e morreu. Mas o DP responsável averiguou que Laura tinha uma marca de tiro no braço e os PMs mudaram a versão. Agora, eles dizem que ela reagiu a prisão e recebeu um tiro no braço, morrendo momentos depois.
Eles chegaram a forjar uma testemunha e até dar um pedaço de papel para o que ela deveria falar. O bilhete foi apreendido. Câmeras de segurança mostram os policiais agredindo a travesti. O caso foi registrado no 63º Distrito Policial, Vila Jacuí, como homicídio. Posteriormente, o 32º DP, Itaquera, instaurou inquérito para apurar.
Por meio do Facebook, amigos, familiares e ativistas estão convocando uma marcha para o próximo sábado (27), no centro de São Paulo, para pedir mais segurança para as travestis.