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Polícia investiga agressão no clube gay A Lôca

O 4º DP, localizado no bairro da Consolação, região central de São Paulo, investiga um violento caso de agressão contra dois clientes do clube gay A Lôca, ocorrido na manhã da última sexta-feira (04/09).

O caso envolveu a atriz e cineasta Liz Marins, 45, filha de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e o escritor Cristiano Marinho (foto), 31, cujo nome artístico é Kizzy Ysatis. Os dois dizem terem sido agredidos pelos seguranças enquanto deixavam o estabelecimento.

Em seu blog, Kizzy contou que provavelmente teria morrido se a polícia não tivesse sido chamada. De acordo com o escritor, a agressão aconteceu por volta das 6h30 da manhã, quando o caixa do clube alegou que ele não havia pago a comanda. Em seguida, segundo o escritor, o gerente e seguranças partiram para a agressão. "Não teve muita conversa. Berraram, eu berrei. Tacaram-me no canto, seguraram meus braços e o gerente e seguranças me espancaram brutalmente. Se a polícia não chega, eu teria morrido e a Liz, talvez, teria sido estuprada porque o cara que a segurava a jogou no chão e estava com o corpo em cima dela", escreveu Kizzy.

Ainda de acordo com o escritor, não houve tempo para que ele argumentasse com os seguranças. "Tudo foi muito rápido e, imobilizado num canto escuro, fizeram a festa. Meus olhos foram as primeiras vítimas. Depois do vigésimo oitavo soco nos olhos, não via mais nada, mas ouvi o momento que os ossos da cabeça começaram a quebrar devido à insistência dos golpes. Socos, chutes e afins", relatou.

Ao lado, a amiga Liz tentava se livrar dos seguranças, enquanto gritava para que eles soltassem o escritor. "Por mais que me esforçasse, não consegui me soltar. Ela [Liz] gritava porque estava traumatizada com o que via acontecer a olhos vistos: violência de quem atacava, omissão de quem via", continuou.

No post, Kizzy diz ainda que sua família está "em estado de choque". No dia da agressão, o escritor foi levado para a Santa Casa de Misericórdia, no bairro de Santa Cecília, fez exame de corpo de delito e registrou a ocorrência no 4º DP. Ainda em recuperação, Kizzy escreveu que ficou internado por 26 horas e que os médicos constataram fratura craniana.

"A revolta é muito grande. As providências legais estão sendo tomadas", registrou o escritor no blog. "A Lôca é uma casa que apoia a violência, devia estar fechada! O jeito é não ir a esta casa e denunciar a violência sempre que acontecer, seja onde for e com quem for", concluiu.

Muito abalado, Kizzy Ysatis disse ao site A Capa que acredita que a agressão foi motivada por homofobia. "Foi por ignorância, isso não há dúvida, mas a violência foi tamanha e tão sem propósito que creio em homofobia. Foi maldade pura. Se todo ser espancado for à Justiça, a violência diminuirá vertiginosamente. Não estamos mais na Idade Média", afirmou.

Informações oficiais
A reportagem obteve acesso ao B.O. registrado no 4º DP. Leia a seguir trecho do documento:

"(…) A confusão começou depois que uma comanda que pertencia a um escritor de 31 anos [Kizzy Ysatis] foi encontrada no chão. Ao ser chamado para pagar a conta, o rapaz disse que já havia pago. O caixa chamou o gerente. Nesse momento, começou uma discussão que terminou em agressões, entre o escritor, uma amiga dele, uma artista de 45 anos e o gerente do local. Os envolvidos na briga foram encaminhados ao pronto-socorro. O gerente da casa noturna compareceu ao plantão policial e disse que apenas revidou as agressões dos clientes."

A Lôca
A assessoria d´A Lôca disse que o clube não iria mais se pronunciar sobre o caso e que providências estão sendo tomadas pela Justiça.

Em comunicado enviado à imprensa na última terça-feira (08/09), a assessoria informa que o clube "tem provas e testemunhas do acontecido que comprovam que os fatos são totalmente contrários ao descrito pelo casal que se diz lesado e agredido".

O comunicado diz ainda que "para preservar a privacidade de nossos clientes, inclusive a do casal que se diz vítima, a casa se manifestará somente perante as autoridades competentes".

Também em comunicado, o advogado do clube, Herói João Paulo Vicente, disse que o caso será levado à Justiça, onde "serão carreados todos os documentos e informações pertinentes, inclusive o relatório de ligações telefônicas formuladas pela casa solicitando a presença da polícia antes que o Sr. Cristiano iniciasse sua ofensiva e agredisse verbalmente e fisicamente funcionários da Lôca".

Ainda segundo o advogado, "imagens do sistema interno comprovarão com quem está a verdade, refutando a versão de quem tenta se passar unicamente por vítima".

Confira abaixo a nota na íntegra:

A casa noturna A Lôca sofreu recentemente uma perseguição inacreditável, fruto de um sectarismo de pessoas intransigentes com a diversidade sexual e o direito ao lazer de todos. Esse obstáculo foi vencido graças à união da Comunidade LGBTT e graças a situação 100% regular da empresa.
 
Agora, dando sequência  à onda denuncista deflagrada anteriormente, chegou-nos ao conhecimento diversos comunicados postados pelo Sr. Cristiano, com propósito eminentemente destrutivo.
 
A discussão dar-se-á na alçada cabível (Polícia e Justiça). Lá serão carreados todos os documentos e informações pertinentes, inclusive o relatório de ligações telefônicas formuladas pela casa solicitando a presença da polícia antes que o Sr. Cristiano iniciasse sua ofensiva e agredisse verbalmente e fisicamente funcionários da Loca. Imagens do sistema interno comprovarão com quem está a verdade, refutando a versão de quem tenta se passar unicamente por vítima.
 
Salientamos que a Casa não concorda com qualquer forma de violência ou discriminação.
 
Nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.

Herói João Paulo Vicente
ADVOCACIA HERÓI VICENTE
OAB/SP 8.350

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