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Política do Arco-Íris: As eleições 2012 e a ofensiva do fundamentalismo

Estamos no início da  temporada eleitoral.  Daqui a pouco as campanhas invadem as TVs.  No próximo dia 7 de outubro o Brasil vai às urnas para escolher seus novos vereadores e vereadoras – e seus novos prefeitos e prefeitas. Nas cidades com mais de 200 mil eleitores pode ocorrer segundo turno, que realizar-se-á no dia 28 de outubro.
 
O cenário no qual se acontecem essas  eleições –  no que se refere ao avanço da agenda da cidadania LGBT – não é dos melhores. Pelo contrário. Embora tenha aumentado o número de pessoas assumidamente LGBT a se candidatar – a ABGLT está organizando uma lista, inclusive com candidatos e candidatas aliadas – há vários sinais de que crescerá a influência política e a representatividade do  fundamentalismo religioso nessas eleições. Sobretudo nas casas legislativas.
 
Os reacionários querem reeditar o cenário de 2010, quando uma aliança “santa” entre evangélicos pentecostais/neopentecostais e bispos católicos conseguiu colocar no centro da campanha presidencial o debate  relacionado aos direitos reprodutivos das mulheres (aborto legal) e sobre reconhecimento dos direitos da população LGBT.

Foi nesse momento que um dos ícones da homofobia militante no Brasil, Silas Malafaia, apoiou Serra (que surfou no conservadorismo mais rasteiro). Dilma, por outro lado, fez uma “carta aos cristãos” e se comprometeu a congelar a agenda feminista em seu governo (e, agora  percebemos, também a do movimento LGBT). Enquanto isso, Marina (quase pastora) pregava contra o casamento homossexual – coisinha trivial  para quem já defendeu o criacionismo.

As consequências desse movimento regressivo e anti-laico foram sentidas demais da conta. Governos municipais, estaduais – e o governo federal – recuraram na execução de políticas afirmativas dos direitos LGBT. E a homofobia cresceu a olhos vistos, em todo o Brasil.

Em 2012 não é diferente.  O obscurantismo quer avançar mais. A Assembleia de Deus , por exemplo, se prepara para eleger um vereador em cada cidade do Brasil.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, essa igreja (a do Malafaia) apoia quem está na frente das pesquisas para prefeito. Serra e Paes, respectivamente. No Rio é mais preocupante ainda, porque o prefeito Eduardo Paes foi um aliado. Criou a coordenadoria LGBT (dirigida pelo Carlos Tufvesson, personalidade de destaque, estilista talentoso e militante comprometido) e fez várias ações. Depois da aliança com o homofóbico pastor o que  sobreviverá da nossa pauta em um eventual próximo governo carioca?

Essa desenvoltura com que as igrejas cristãs atuam no espaço público e partidário com sua pauta moral – teológica (que é política, na verdade), intimida candidatos e candidatas de todos partidos. Embora geralmente se abriguem nas agremiações de direita e centro-direita, os fundamentalistas religiosos são flexíveis, pragmáticos. Incidem (ou chantageiam) candidaturas de todo o espectro ideológico. Fazem o que for melhor, em cada cidade, para seus interesses imediatos.

Os princípios fundamentais dos direitos humanos, da democracia, do pluralismo e da laicidade do Estado não fazem parte do repertório dos líderes cristão fundamentalistas. Anuncia-se uma onda conservadora de grandes proporções.

Como o Brasil não é os Estados Unidos há espaço, condições e tempo para uma reação progressista. Antes que as trevas avancem demais.

*Julian Rodrigues é ativista do grupo CORSA, da Aliança Paulista LGBT e da ABGLT.

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