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Política é política em qualquer lugar

Assisti ontem ao filme "Diverso da Chi?" (Diferente de quem?), comédia que estreou em março na Itália e ainda não tem data para chegar por aqui.

No filme, Piero (Luca Argentero) é um político de centro-esquerda, casado com Remo (Filippo Nigro) há 14 anos. Quando o nome principal do partido tem um infarto fulminante e morre durante as prévias, Piero é escolhido candidato, mas para isso terá que dividir a chapa com Adele (Claudia Gerini), uma radical de centro, contrária ao divórcio e ao casamento gay.

Atual, "Diverso da Chi?" discute com leveza a questão da homofobia na Itália, país que vem registrando violentos ataques contra homossexuais nos últimos meses. O filme é interessante por dois motivos: o primeiro, e mais importante, é que o preconceito não encontra fronteiras para se manifestar; e o segundo, que política é política em qualquer lugar. No longa, para continuar defendendo a bandeira dos gays, Piero tem que se adaptar à ideologia do partido e tentar encontrar um meio termo entre o liberalismo que o move e o radicalismo que sustenta sua companheira de chapa. Por sua vez, Adele percebe que sua postura fechada e defensiva só cria animosidades entre seus colegas.

Entre quiprocós engraçadíssimos e situações inesperadas, os protagonistas filosofam sobre suas próprias vidas e objetivos políticos. A figura de Piero é um ótimo gancho para discutir, por exemplo, a relevância de candidatos gays em sociedades onde os homossexuais ainda brigam por seus direitos. Em uma cena do filme, Piero acaba incluindo os direitos da família – bandeira de Adele – em sua plataforma. "Quero ser um candidato para todos", proclama o personagem, prevendo que, se quisesse mesmo convencer seu eleitorado, teria que ampliar seu discurso para além da comunidade LGBT.

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