Fato, o mundo está mais chato,mais careta e politicamente correto além da conta. Isso podemos constatar com as novelas nos últimos dez anos. Talvez duas tenham conseguido barrar o tal do politicamente correto: “Duas Caras”, ao retratar de maneira singular os fundamentalistas religiosos e “A Favorita”, ao subverter a ordem e fazer uma novela sem mocinho e com duas bandidas.
Fora isso ta tudo um saco. Concordo com um amigo que diz que “novela não é lugar para campanha social”. Ta certo. Isso deve estar presente em campanhas propostas pelo canal. Quem faz isso muito bem é o canal MTV, que há muito tempo produz campanhas sobre drogas, sexo seguro e outras.
Mas agora tudo tem de ser certinho. Se um drogado é colocado em uma obra teledramatúrgica é para no final ele achar a sua redenção, voltar a ser “bom” e até em alguns casos montar uma clínica. Hum, história semelhante você pode conferir no Vale a Pena Ver de Novo com “O Clone”. Agora, quando irão colocar um adicto que se droga pelo simples motivo de gostar? Jamé! Não pode, tem que moralizar.
E uma prostituta protagonista? Ah, pode até ser que tenha, mas no final ela vai abandonar as ruas, casar e ter uns quatro filhos. E pode até ser que ela se converta a algum tipo de religião. Chato, chato demais.
E quem diria, o politicamente correto chegou até a Parada Gay de São Paulo, que este ano resolveu se utilizar de um termo bíblico (“amai-vos uns aos outros”) para chamar a sociedade a lutar contra a homofobia. Assim como na novela, acreditam que o amor entre os pares irá diminuir o preconceito e os crimes de ódio. Nos levará a redenção. Sinto muito, mas não vai. Até por que, de que amor falamos, não é mesmo?
Ta tudo muito careta e chato. Limpo demais. Torço para que esta onda de bons moços hipócritas passe logo e voltemos a gostar dos cafajestes escrotos dos centros do mundo afora; das prostitutas viciadas; da bicha maluca, enfim, dos sujeitos que permeiam a nossa vida e que não são nem bons e nem ruins. São pessoas.
Ai que saudades de Plínio Marcos e Nelson Rodrigues_