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Por que as baladas GLS chamam tanta atenção dos heterossexuais?

O que vale é a DIVERSÃO

A presença dos "hts" incomoda os "donos" da noite? Curiosidade, animação e música boa, entre outras coisas, unem cada vez mais as tribos.

Não é nada raro ouvir um heterossexual dizer que nunca se divertiu tanto como em uma balada homossexual. Mas, o que tanto atrai esse público para um território que "não é dele"? "O ambiente é muito mais divertido, as pessoas são mais extravagantes, interessantes, há presença de personalidades. O gay se deixa levar pelo som, pela luz, e vive com maior intensidade aquele momento que a música está tocando. O tratamento da equipe que trabalha na casa é mais intimista e próxima dos convidados. É muito fácil fazer amizade e se tratar pelo nome. Sem contar as brigas que acontecem raramente", detalha o sócio da FLEXX, Rodrigo Zannardi, 32 anos.

Segundo a educadora física, Paula Freitas, 26, as baladas estão complicadas para as mulheres solteiras. "Há muita falta de respeito, pegação, coisas que não tem na GLS. Além de ter muitos amigos que freqüentam, curto o tipo de música e a animação. A frase vim pra dançar cai perfeitamente numa noite gay".

Descoberta recentemente pelos homens, as baladas GLS deixaram de ser um lugar aonde as mulheres só tinham que se preocupar em dançar. "Ter um amigo do babado é ter um amigo para dar risada, levar para ver os Gogo boys sarados. A mulher que freqüenta esse tipo de noite vai para brincar, dançar. O homem vai para paquerar essas mulheres que estão soltas", diz o representante comercial, Renan Teixeira Sampaio, 24.

Já o educador físico, Evandro Pereira, 33 anos, não acha que a mulher só vai para dançar. "Elas agarram, querem beijar independente da opção sexual. Tem quem goste e até beije. O ht busca um ambiente liberal e é lá que encontram as mais assanhadas". Paula Freitas, já passou por diversas situações. "Já fui cantada por mulher insistente, mas respeitei e exigi respeito. Já fiquei passada por ninguém do sexo oposto me querer e até brinquei que ia mudar de lado".

Seja para beijar ou pra dançar, é em um ambiente com música boa, gente bonita e sarada, boa iluminação, no qual homossexuais e heterossexuais se misturam no meio da multidão. A dúvida de todo iniciante é em como identificar se o "alvo" é ou não é da ferveção.  "É muito fácil. O ht olha muito para o lado, é curioso demais e não fala na mesma linguagem que a gente. Nós somos muito mais fashion, usamos roupas bem modernas, extravagantes, somos livres e comunicativos", orienta a nutricionista de 30 anos, Liza Lima.

Mas, não são só os curiosos que ficam fascinados com esse mundo alternativo. "É muito bom ter por perto um homem de verdade. É o lance da atração mesmo. O homem heterossexual é quase que impossível e é aí que passa a ter mais graça. Alguns bebem demais para se soltarem e curtirem melhor a noite. Quando isso acontece, dá para dar uma encostadinha, pegar na mão. Comigo o máximo que aconteceu foi um beijo no rosto, até então", revela Pereira.

Para o comerciante Aroldo Fonseca, 45, muitas pessoas que tem vontade em provar alguém do mesmo sexo costumam ir nesse tipo de ambiente. "Por ser um lugar liberal, que é feito para pessoas do mesmo sexo se curtirem, matar a curiosidade não é anormal. Não há preconceito, discriminação e ninguém vai ficar chocado com a cena. É como se o que aconteceu morresse no lugar. Dá para voltar para a vidinha comum no dia seguinte, sem que ninguém fique sabendo das novas aventuras".

Que é um mundo liberal, divertido e cheio de experiências, ninguém pode discordar. Mas, o que acham os "donos" do pedaço sobre essa "invasão"?

Para o representante comercial, os heteros, principalmente os homens, incomodam. "Além de estarem em um lugar que é feito para nós, causam brigas muitas vezes até mesmo por causa de preconceito". Como empresário da noite, Zannardi acredita que não é necessário demarcar o território. "O ht que freqüenta esse tipo de noite certamente tem amigos gays e sabe se divertir. Isso contribui de forma positiva, harmoniosa e elimina rótulos. A mistura desses dois públicos não estraga a proposta da casa, pelo contrário, contribui". Já Evandro Pereira não gosta de separações. "Gostaria que no dia-a-dia também fosse assim. Todo mundo deveria se entender, se respeitar, se amar para colocar um fim no preconceito".

*Matéria publicada originalmente na revista A Capa #12

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