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Por que lutar contra a homofobia? Ativistas e pessoas do mundo gay respondem

No dia 17 de maio de 1990 a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista de doenças. Desde então grupos organizados do mundo inteiro utilizam o 17 de maio para protestar contra a homofobia.

Passaram-se vinte anos e é fato que muitos homossexuais ainda morrem por conta da homofobia. Segundo dados da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (Ilga) mais de 88 países negam direitos aos LGBT e cinco punem atos gays com pena de morte. Também não podemos esquecer que nesse momento a Uganda debate a pena de morte para homossexuais.

No Irã, jovens com 16 anos são enforcados em praça pública para servirem de exemplo aos outros meninos que tenham desejos homossexuais. Em nosso país, os índices de violência homofóbica estão entre os mais altos da América Latina, apesar de ainda não contarmos com dados oficiais. Hoje em dia apenas o Grupo Gay da Bahia (GGB) faz esse levantamento.

Motivados pelo data resolvemos perguntar para ativistas e pessoas do mundo gay: Por que lutar contra a homofobia? Qual é a importância dessa data para os dias de hoje?

"Infelizmente, mesmo com todos os avanços, em todo o mundo, as pessoas LGBT são vítimas de discriminação cotidiana, seja na família, na escola, no mercado de trabalho ou na mídia. Além disso, na maioria dos países, ainda não temos igualdade de direitos – nossos direitos civis não são assegurados. Pior ainda, em muitos países é crime ser homossexual, em alguns deles, como o Irã, a pena para esse "crime" é a pena de morte".
Julian Rodigues, Corsa-SP 

"É importantíssimo celebrar o Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia para alertar os governos, a mídia e a população em geral sobre a pior e mais cruel praga social que ainda persiste na maior parte do mundo: a intolerância anti-homossexual. Todos os dias ao menos um LGBT é  assassinado no mundo, em grande parte devido a sua condição de minoria sexual. No Brasil, um homicídio a cada dois dias".
Luiz Mott, antropólogo e fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB)

"A data é importante como marco político de visibilidade do tema – por outro lado é uma data que devemos batalhar para que não exista, no sentido de que não haja mais homofobia. Mas isso hoje, infelizmente, é uma utopia. Portanto, a data ainda se faz necessária. Além de combatermos essa horrenda manifestação de preconceito e discriminação, e dos crimes de ódio voltados à população LGBT. Estamos lutando por uma sociedade pacifica, igualitária e isonômica em direitos. Fazendo assim do Brasil uma sociedade melhor para todos e todas".
Senadora Fátima Cleide (PT-RO)

"O Dia 17 de Maio é uma data fundamental em razão de ser uma referência a uma conquista da luta contra a homofobia, que foi a retirada da homossexualidade da classificação de patologias da OMS, e por se consolidar como um dia internacional, o que nos ajuda a lembrar que a homofobia é um fenômeno em escala planetária e que por isso mesmo exige uma articulação mundial para ser combatida com eficácia".
Paulo Mariante, Identidade – Campinas (SP)

"A data serve para que o país e o mundo se lembrem de que a homofobia é algo que impede que milhões de LGBT e seus parentes e amigos possam viver de forma plena. E há um papel pedagógico aí: o de educar as pessoas sobre o fato de que se calar frente ao preconceito é corroborar com ele. Tal qual o racismo, o machismo e outras formas de discriminação, a homofobia agride, mata, violenta psicológica e fisicamente muitas pessoas dia a dia. A homofobia sim, é uma doença. E o remédio não precisa ser tão raro: respeito".
Welton Trindade, grupo Estruturação (Brasília – DF)

"A homossexualdiade sai do reduto médico, da ideia de diferença enquanto doença. Claro que ainda muitos pregam que é um distúrbio que deve ser tratado, mas já não com o apoio oficial como era até 1990. Lutar contra a homofobia faz parte do mesmo processo que lutar contra a misogenia, pois de fundo é uma luta contra a sociedade patriarcal. É, antes de tudo, um exercício de civilizar e domesticar os preconceitos que todos temos arraigados quase que de maneira ancestral".
Vitor Angelo, jornalista

"A violência contra determinados seguimentos tem íntima relação com o preconceito. Hoje é lamentável constatarmos que nosso país é recordista em crimes de ódio, desta forma o combate ao preconceito requer vigilância diária para se buscar a extinção desse que é um dos grandes flagelos da humanidade. O dia do combate a homofobia tem seu significado histórico, pois, além de retratar a luta mundial iniciada em Stonewall, faz refletir o desejo por um mundo cada vez mais justo e tolerante".
Fernando Alcântara, militar perseguido pelo exército brasileiro por ser homossexual

"Precisamos erradicar toda as formas de preconceito e discriminação para que possamos viver em um mundo melhor. Dar visibilidade a homofobia no Brasil, ainda tem gente que nem sabe que existe uma violência específica contra uma população, contra os LGBT, no caso".
Mitchelle Meira, da Coordenação Nacional LGBT do Governo Federal

"A data é de extrema importância para a conscientização das pessoas. Assim como as campanhas do ‘cancer de mama’ ou ‘eu sou da paz’ o objetivo é fazer com que as pessoas despertem para o problema e começem a refletir a respeito. Lutar contra a homofobia é lutar pela plenitude da vida em todos os sentidos. Uma vida com direitos iguais para todos, sem boicotes, sem violência, sem mortes".
Claudia Wonder, performer e ativista trans

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