Nos últimos trinta dias, a comunidade formada por lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros foi bombardeada por todos os lados, resultado da ação de grupos da extrema direita aliados às forças conservadoras de instituições religiosas.
Uma decisão judicial proibiu a realização da Parada LGBT em uma cidade do Paraná;
Por ordem da justiça, uma peça teatral na qual uma trans interpreta Jesus, também foi cancelada em Jundiaí, no interior de São Paulo;
Recentemente, uma exposição com foco na diversidade sexual – Queermuseu – foi, novamente, cancelada causada pela histeria de movimentos da extrema direita (Movimento Brasil Livre);
Um juiz concedeu liminar permitindo sessões de "cura gay" por psicólogos, contrariando a Organização Mundial da Saúde que desde a década de 1990 deixou de considerar a homossexualidade um problema psicológico, etc.
Atrela-se a esse cenário preocupante, o descaso público com as LGBTs que, preteridos pelos familiares e pela sociedade, ainda veem-se ignorados pelos governos Federal, Estadual e Municipal.
Obviamente, esses ataques não surgiram da noite para o dia. Eles são frutos de um ódio irracional propagado às minorias por líderes religiosos e políticos membros da bancada evangélica.
Os indicadores mostram que um LGBT é assassinado a cada 25 horas no Brasil. Não é excessivo relembrar que somos o país que mais mata travestis e transexuais no mundo, enquanto, paradoxalmente, o que mais consome filmes adultos do gênero.
Como já mencionado, é fato conhecido de todos que a intolerância a essas pessoas ganham forma nos púlpitos dos templos e das igrejas, e nos palanques do Congresso Nacional nas vozes de políticos como Jair Bolsonaro e Marco Feliciano. Entretanto, é impossível não mencionar o silêncio ensurdecedor das LGBTs que mantêm-se quietas, caladas, indiferentes a tudo que está acontecendo. Poucos são os que falam e os que se propõem a protestar.
Por que somos tão passivos? E aqui não me refiro à posição sexual.
Recordo-me de um acontecimento na terceira temporada da série Queer as Folk (2000-2005) onde os personagens LGBT mantinham postura passiva aos sucessivos ataques à comunidade perpetrados por movimentos políticos que ameaçavam seus direitos. Na trama, eles só reagiram às arbitrariedades do Estado e dos preconceituosos quando clubes de dança (boates) e saunas foram interditadas/fechadas como uma forma de higienizar a cidade dos párias, no caso, as lésbicas, gays, bissexuais e transexuais.
Será que esperaremos o mesmo acontecer na vida real para que possamos reagir?
Por Tiago Minervino – editor de conteúdo de ACapa