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Pornografia e sexo explícito

Que bom, hoje não vou começar nosso assunto com aquela informação chata de que não escrevi nada. Ontem, finalmente, retomei a história. Como vocês já sabem, estamos na reta final. Depois da fase recreativa para os leitores, e harmônica para nosso herói Ramon, voltamos à tensão. Denilson não tem jeito mesmo, a vida com ele é uma autêntica montanha russa.

As opiniões se dividem quanto ao conturbado relacionamento do casal. As dúvidas recaem mais sobre o comportamento imprevisível de Denilson. Acho isso muito bom, porque foi justamente um dos pontos chave para construir o conflito, elemento imprescindível para o desenvolvimento de textos que pretendam envolver o público, sejam literatura, teatro ou cinema.  Como já disse, eu sei no que vai dar e é justamente a construção de todo esse recheio que vai referendar a credibilidade da conclusão. Enquanto isso, os leitores vão fazendo as suas apostas.

Mudando do objetivo pro subjetivo, essa semana me trouxe reflexões. Ao ver no Programa do Jô uma entrevista com a escritora Thalita Rebouças, pensei no que é essa coisa de escrever para nichos. Os seus livros, hoje grande sucesso, ultrapassando o milhão em vendas, são dirigidos basicamente aos adolescentes. Conquistar um mercado delimitado, sem dúvida nenhuma, traz facilidades que talvez compensem e façam um zero a zero no fato óbvio que limitado já diz do pouco potencial de expansão. Daí fiz uma associação do meu caso, dito inclusive por várias editoras no início de tudo, que o trabalho era de nicho. Concordo, mas pergunto: De qual nicho estamos falando, do pornográfico ou do gay?

Hoje cheguei a uma conclusão, que traz uma carga de decepção. Estes dois nichos se confundem na cabeça das pessoas. Exemplo claríssimo disso? O beijo gay. Entre os múltiplos argumentos, todos baseados em preconceito, existe até aquele que diz "imagina, exibir beijo gay nesse horário", fala compartilhada inclusive por homossexuais, na sua preocupação em exigir que "gays sejam discretos". Ah tá, mas beijo hetero não passa até na sessão da tarde?

Conclusão óbvia: Gay = pornografia.

É, a nossa sociedade faz essa mistura, do mesmo jeito que por diversas vezes associa pedofilia a homossexualidade. Infelizmente, é fato que, ainda que meus livros não trouxessem sexo explícito, seriam classificados como pornô, pela simples razão de apresentarem romances entre homens.

Certo, o mundo vem mudando, o Brasil vem mudando. Mas será que ainda pegaremos isso? Ou ficará para os filhos e netos adotados?

Beijão!

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