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Pós-Carnaval: Leitor conta sua experiência na folia carioca

Mais um Carnaval foi embora. Os dias de luxúria se foram e agora é hora de colocar a roupa social e trabalhar.

Nos quatro dias de folia fui à Farme de Amoedo, rua de Ipanema, zona sul do Rio. O Bar Bofetada promove uma tradicional festa de rua que superlota o lugar. O outro bar gay da rua, o Tô Nem Aí, não chega a fazer festa, porém coloca o som tão alto que é possível ficar dançando mesmo do lado de fora.

O resultado é a maior concentração de gays, lésbicas, travestis, etc, etc, por metro quadrado da cidade. Chuto umas cinco mil pessoas dividindo a rua. Ao longo de cada noite, chuto que mais de 10 mil passaram por lá.

Na Farme, tudo é possível. Tudo mesmo. O clima, como em todos os anos, foi de fervo total. Todo mundo pegando todo mundo. Há quem tenha beijado mais de 20 bocas numa noite. Não duvido de quem me falar que beijou mais de 40. Aliás, não duvido de nada que tenha acontecido lá. Como a rua fica hiperlotada, para sair de lá, era preciso passar por um "corredor" humano. Ali, quem queria se fazer caía de boca, ou melhor, na boca alheia. E era possível encontrar o que de melhor há na espécie humana. Cada gato!

Havia até um punhetódromo, sim, um punhetódromo. Vários aproveitavam a porta arriada de uma loja para aliviar a tensão ali mesmo e brincar de pega-vareta. Havia até quem quisesse brincar de engolir espada. Cada um, cada um.

Muitas figuras engraçadas me divertiram. Aqueles que do nada chegavam na maior intimidade como se fossem seus amigos há anos. Um cara chamava todo mundo pela alcunha de Thiago e fazia cara de chateado por não se lembrarem dele dos tempos de escola. E coitado de quem aparecesse (mal) fantasiado na frente dele. Ele gritava: "Você está um lixo!" Brincadeira, claro.

Eu, que sou brincalhão, também zoei. Elegi os "figuras" das noites de fervo. Meu preferido foi Dadinho. Um pequeno guri de vinte e poucos anos. Um metro e sessenta mais ou menos, formato pocket. Daí o apelido. O engraçado é que dei de cara com ele todos os dias dentre tantas pessoas na multidão.  Num destes dias, consegui ouvir sua voz. Percebi que Dadinho era Dadiva, Dadivosa. Outro figura foi Irisha, um loiro oxigenadíssimo, com cabelo cheio de gel jogado pra frente. Um emo platinado. Por que Irisha? Sei lá, achei com cara de Irisha. E ficou assim.

E o funk. Carnaval no Rio tem funk em qualquer lugar, e na Farme não seria diferente. Mas o lugar que escolheram para tal manifestação foi incrível. O som rolava na frente de um restaurante muito fino, desses que tem peixes ornamentais enormes no aquário. Claro que o movimento foi zero, preju total! Mas fez a alegria dos garçons, que se divertiram com as performances "das meninas" rebolando até o chão. 

O fim da noite era na areia da praia, batendo papo com os amigos, e depois rumar para casa lá pelas quatro da manhã. Quatro dias divertidíssimos. 

Ah, o Carnaval….

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