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Post de avião, escrito na sexta feira a caminho de Fortaleza

Fortaleza, olha eu aqui de novo.

Parece que este é meu ano com a cidade de Fortaleza, já vou pela segunda vez a cidade e hoje combinei uma terceira vinda, será em dezembro no aniversário da minha mãe.

Estou aqui no avião escrevendo, estou meio impaciente, viajo sozinho, já ouvi musica no ipod (Eliz Regina) e re-assisti vídeos no ipod como alguns do Terça Insana e o primeiro capitulo de Lost. Foi bom rever a minha serie preferida, só depois que me dei conta que estou no avião e assistir Lost pode ser meio aterrorizante, mas só me toquei depois. O vôo tem quase três horas, então falta pouco pra chegar. Quando fui ao banheiro e voltei, vi muitas pessoas com o notebook escrevendo, e ai deu vontade de fazer também, mas confesso que sem internet o notebook fica bem chato.

Também hoje no aeroporto estive constatando um momento meu de amadurecimento profissional e pessoal. Percebi que em relacionamentos anteriores não via a hora de dar uma folga, uma escapada, e que nesta ocasião já estou morrendo de saudades do meu namorado. Percebi o quanto estamos bem organizados profissionalmente, conseguimos arquitetar a nossa participação em paradas de quatro estados, sem custos excessivos e com boa visibilidade, e sem stress ou amadorismo, não pensei que ia dar tão certo. Agora a caminho da minha cidade preferida, trabalho ainda hoje, cobrindo a feira da diversidade. Sábado participamos de duas festas na cidade, mas pretendo dar uma passadinha na terceira. Domingo tem a parada, estaremos dividindo o carro da principal boate da cidade e só ai começa o meu final de semana. Pego a segunda e a terça feira como final de semana e descanso lá com dois dos meus melhores amigos, o Paulo e o Gustavo. Claro que este descanso é daquele jeito, tenho que resolver alguns problemas no computador, alguns telefonemas, alguns contatos… Mas tudo regado a praias e dunas!

O avião ainda vai demorar pra pousar, então escrevo mais, estamos na véspera do dia 28 de Junho, há quase 30 anos, neste dia nossas amigas se revoltaram em um bar e decidiram não mais apanhar da policia por ser gay, hoje cedo falei com o William da redação do A Capa sobre como é possível um protesto com mais de 1000 pessoas invadirem o senado contra a lei que criminaliza a homofobia, e o nosso protesto? Quando será? Aquele cheio de musica e cerveja será que ele está servindo para este propósito, confesso que mudei muito minha opinião nos últimos meses sobre a parada, e até já escrevi alguns posts para este blog sobre o assunto, porem preciso refinar para postar. Mas a pergunta é porque não conseguimos um protesto de 1000 pessoas a favor desta lei que criminaliza a homofobia ou a favor do acordo de parceria civil? Culpar os militantes é fácil, mas será que é só isso, só falta de articulação, só falta de comunicação que a comunidade sofre? Será que o problema da homofobia internalizada também pega neste ponto? Será que não temos condição de montar uma passeata sem musica, sem cerveja a fim do protesto?

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Amando com Arte