Dona de uma voz forte e marcante, a cantora Alex Marie começou sua carreira aos nove anos de idade, no 1º Festival Internacional da Criança onde entre 80 participantes ficou em segundo lugar. Em 1997 foi convidada a participar do grupo Negritude Jr. Permanecendo durante quatro anos, realizou dezenas de shows nacionais e internacionais.
Pelo seu brilhante talento foi convidada para fazer participações especiais com Pato Banton, Nando Reis, Luciana Mello, Vanessa Jackson, Sideral e outros. Hoje, com um amplo repertório inspirado em grandes Divas, que vai da Black a Dance Music, a cantora está em novo caminho se apresentando em casas noturnas e festas do circuito GLS.
Na semana internacional da mulher, conversamos com ela. Na entrevista a cantora fala sobre o preconceito. Fala sobre a atuação de seu irmão no grupo Stonewall de defesa gay e, como não poderia deixar de ser conta as novidades de sua carreira.
Fale um pouco sobre você
Sou assim, sempre alegre e irreverente, adoro música, respiro música e vivo para a música.
Como começou a cantar para o público GLS?
Minha carreira com o público GLS começou com um show que realizei no ano passado na boate Shoock. No aniversário do meu amigo André Furkin, fui chamada para cantar e topei o trabalho. Eu já estava mais do que interessada. Tenho vários amigos que sempre me pediam e pintou a ocasião. Cantei e fui muito aclamada, foi a confirmação deste publico que é tão fiel e transparente comigo. A partir daí surgiram outras oportunidades. Fui convidada a fazer um trabalho na noite Fun! na Bubu Lounge, depois na Danger Club. Na semana seguinte fui chamada pelo Hugo Henrique para me apresentar na Cantho e aí as portas foram se abrindo e eu fui entrando.
E como está sua carreira hoje?
Sempre digo que quando entramos para uma empresa num determinado cargo, às vezes levam-se anos para chegar à diretoria, mas a competência, a transparência e o bom desempenho nos fazem alcançar patamares que às vezes achavámos estar bem distantes. Simplificando, está indo de vento em popa.
Em quais Divas você se inspira e busca influências?
Aretha Franklin., Ce Ce Peniston, Whitney Houston, Jennifer Hudson, Chacka Kan, Jeniffer Holiday, Anita Baker, Patty Labelle, Crystal Waters, Rachelle Ferrel entre outras.
Acha que as cantoras podem tirar o espaço das drag queens nos clubes?
Nunca! Pelo contrário, elas são maravilhosas, e abriram as portas para nós cantoras.
Qual a diferença entre o público GLS e o hétero? Como te recebem?
Cantei com diversos artistas de diversos segmentos na black music, no samba, no rap e na MPB. No mundo GLS sempre sou muito bem recebida e tratada como uma verdadeira diva. Sou reconhecida pelo trabalho que exerço, tendo o respeito como profissional que sou e sempre muito amada. Não desmerecendo outros públicos, mas sou muito mais notada profissionalmente no meio LGBT do que nos outros propriamente ditos.
Sofre ou sofreu preconceito, como lida com ele?
Sim, já sofri e muitos. Principalmente por ser negra. Mas minha cor não vai mudar, ainda mais com o calor que anda fazendo nos últimos tempos. Tenho muito orgulho! Aproveito e conto uma historia. Tenho um irmão que mora em Londres há 17 anos e ele teve um relacionamento com o diretor de imigração e foi preso por tentar se casar. Bom, enfim, os amigos estavam na minha casa na sala e aí no Jornal Nacional começou uma matéria, sobre a história dele. Toda a família e amigos se revoltaram e questionaram se ele era gay? Eu amarga disse, ‘e daí? Vocês são a madre Tereza de Caucutá?’ Hoje ele trabalha no Stownell, grupo de defesa LGBT, tem o apoio do Elton John e Sting. Sabe aqueles amigos? Pelo menos 10 dos 10 eram gays não assumidos. Todos nós temos direito de sermos felizes, assim como somos.
Acredita que gays e mulheres sofrem com o machismo do mesmo jeito?
Não do mesmo jeito, mas tem muito em comum. O machismo parte da família, depois no emprego. A sociedade é cruel, mas temos que mostrar nossos direitos e assim nunca deixá-la passar por cima de nós.
Considera importante uma data como o dia das mulheres? Por quê?
Claro! A data é muito importante, pois não somos inferiores a ninguém. Assim como temos o dia do orgulho gay, tenho orgulho e sempre lutarei por esta causa. Preconceito e machismo são grotescos, têm que ir pra lata do lixo!
Entre casas noturnas e day parties, em qual você mais gosta de cantar?
Não há diferença, cada palco é uma energia, sempre muito bom! Eu amo cantar!
Além de cantar o que mais Alex Marie gosta de fazer?
Assistir desenho animado, adoro ter minha intimidade espiritual, dirigir carro, adoro praia, amo bagunça com os amigos, adoro cozinhar, novas amizades, do meu namorado que é 10, de ser mãe de uma "aborrecente" de 18 anos, meu Deus. Ah, música, mais música, dar risada e não se estressar é meu forte.
Durante as apresentações, rola assédio por parte das garotas? Como lida com isso?
Já rolou assédio de uma garota em uma boate. Fui elegante, expliquei que estava trabalhando e logo entendeu. Pra mim é normal, lido naturalmente.
Mês passado o clube Ultra Diesel realizou a festa Brazilian Divas. Nela cantaram você, Amannda Aragão e Joe Welch. Como foi esta experiência?
Foi muito legal! As meninas são ótimas, energia positiva e com um astral maravilhoso! Estávamos ali pra somar e realizamos uma noite incrível!
São tantos os clubes e festas para poucas cantoras. Mesmo assim rola competitividade entre vocês?
Não. Acredito que as festas deveriam investir mais nas cantoras. Temos potencial, talento e ótimos produtores. Com relação a competitividade cada uma tem seu estilo e todas dão muito bem conta do recado.
De todas as suas apresentações, tem alguma que mais te marcou?
Todas sempre são marcantes, sempre é um novo desafio. Fui cantar no Rio de Janeiro e era minha primeira vez, pra piorar o microfone parou. Achei que seria gongada, mas joguei o microfone pro lado, bati o cabelão e coloquei o povo pra ferver! Dei o nome, sobrenome e o apelido. Agendei novamente, pois o dono da casa adorou. Bafo meu bem, fui até chamada pra parada gay de lá pode? (risos)
Tem alguma novidade para nos contar?
No momento estou produzindo um segundo single que logo estará bombando pelo universo. Ui abusada!
Como está sua agenda?
Trabalhando bastante, uma maratona, coisinhas e coisonas, muitos convites fora de São Paulo e do país. Graças a Deus, este ano vou trabalhar muito. Me aguardem. Hoje (6/3) canto na Cantho Club, sábado (7/3) na Labirinthus Lounge Mix e domingo (8/3) na Jungle Party.
Veja apresentação no Cine Ideal – Rio de Janeiro RJ
Serviço:
Cantho Club – Largo do Arouche, 32 Info: (11) 3723-6623
Labirintus Lounge Mix – Rua Luiz Levorato, 2-61 Bauru SP Info: (14) 9133 8716
Jungle Party www.jungleparty.com.br
Para contatos com a cantora<