Enquanto muita gente sonha em se casar, o farmacêutico paulista Rafael Ferraz, de 28 anos, já provou esta experiência em 2012 e também enfrentou a experiência de se divorciar. Segundo a revista Época, ele e o ex-marido W.R. foram o primeiro casal gay a se separarem no Brasil.
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A união, que foi oficializada perante o juiz, testemunhas e parte da família, durou um ano e dois meses. E é a primeira vez que Rafael fala publicamente sobre a experiência.
Na entrevista, ele afirma que conheceu o ex num bar de Sorocaba e que, após trocas de olhares e um cena, resolveram morar juntos poucos dias depois. "Ele me pediu em casamento. Fomos a um cartório, pagamos R$ 280 e casamos. Foi bem forte", afirmou o farmacêutico.
Eles tentavam comprar um terreno num loteamento e erguer uma casa de alvenaria em Salto, a 114 quilômetros de São Paulo, quando começou o inesperado: a pressão de alguns membros da igreja de W.R., Adventista do Sétimo Dia, da qual o ex era fiel e que passou dois meses numa imersão evangelizadora.
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"A igreja mandava CDs, revistas e livros tentando convencê-lo de que ele estava no caminho errado. Ele acha que Jesus o curou. (Mas) não tenho a menor dúvida de que ele é gay. Fomos casados", defendeu.
Hoje, Rafael se diz focado no trabalho e os estudos. "Deixei para ele o loteamento. Só fiquei com meu Palio, e ele com a Honda dele." Rafael e W.R. se casaram em comunhão parcial de bens e conservaram seus nomes de solteiro. A dupla, porém, não entrou em litígio.
Dimitri Sales, doutor em Direito e presidente do Instituto Latino-Americano de Direitos humanos, afirmou que divórcios gays ainda são raridade no Brasil, "porque muitos homossexuais ainda aspiram a tratamento como efetivos cidadãos, que o Estado ainda não assegurou plenamente". "Por essa razão, muito ainda desconhecem que podem se casar". Quanto mais se separar.