Shan Ortega é um soldado militar dos Estados Unidos que ficou conhecido mundialmente por ser o primeiro a se revelar homem trans. Mas o pioneirismo vem marcado por muitos preconceitos e desafios: a guerra está dentro da corporação.
+ Jovem assexuado revela como é não querer transar e um mundo hiper sexualizado
Apesar de Shan, que é chefe da tripulação de helicóptero da infantaria do Exército do Hawai, já ter mudado o nome e o sexo na documentação, ele ainda é visto e tratado como mulher pelos superiores.
A justificativa dá-se porque, caso seja reconhecido como homem trans, ele pode deixar de servir o país – uma vez que a transexualidade ainda é identificada como "desordem mental", uma premissa para dispensar e considerá-lo inapto ao trabalho. Nem mesmo os 10 anos de experiência e as três missões no Iraque e Afeganistão o livrariam do preconceito e do corte.
Shan entrou para as Forças Armadas há 10 anos, quando ainda não havia passado pela transição de gênero. Em 2011, ele revelou a transexualidade e passou a ser encarado como um problema. Tanto que superiores chegaram a afastá-lo das funções durante os voos e esperam algum vacilo. "Não posso receber sequer uma multa por excesso de velocidade, não posso chegar tarde, não posso deixar de me barbear um dia que seja. Tenho que ser absolutamente perfeito".
+ Desafiando homofóbico, Teresa será candidata a deputada em "Babilônia"
Na luta semanal, o soldado ainda continua usando o uniforme feminino todas as quintas-feiras e continua sendo tratado como mulher. "As pessoas continuam a trocar o meu gênero, me chamam de 'ela' ou 'minha senhora'. Sim, são as pessoas com quem eu trabalho. (Mas) eu existo e isso continua a ser um problema", declarou em entrevista à Fusion.
Atualmente, Shane faz parte da Military Freedom Coaliton, um grupo de apoio aos militares trans. Ele também cobra para que o departamento do Estado reveja a lei que pode dispensá-lo do cargo, uma vez que o presidente Barack Obama já proibiu a discriminação de pessoas trans para cargos do governo e nas Forças Armadas.
"Uma coisa que meu pai sempre disse foi: ‘Seja a mudança que você quer ver no mundo. Eu definitivamente quero ser essa mudança", contou.