Mais uma conquista para quem é gay e quer ser pai. Pela primeira vez, o professor universitário Carlos Eduardo Santos, de 54 anos, conseguiu o direito a licença de 45 dias por adotar quatro filhos, todos irmãos, sem precisar acionar a Justiça.
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Por lei, o benefício é de cinco dias para os pais e de 45 dias apensa para as mães. Segundo o G1, a decisão demorou 10 meses para sair no fim de outubro e Carlos conseguiu desfrutar dos momentos com os filhos.
Sonhando há anos ter um filho, o professor já havia entrado em acordo com o marido Osmir Messora Júnior, de 53 anos, com quem é casado há 30 anos. Após uma tentativa ter sido negada pela Justiça anteriormente, ele retomou a vontade e enfrentou novamente o Cadastro Nacional de Adoção em Brasília.
O casal passou por todo o processo burocrático, bem como visitas, entrevistas com assistentes sociais, psicológicos, pesquisa socioeconômica do casal e curso preparatório. Eles afirmam que foi durante o curso que abriram a possibilidade de adotar crianças mais velhas e que foram indicados a quatro irmãos, de 3, 5, 7 e um recém nascido, este último que foi adotado posteriormente.
Eles não tiveram dúvidas quando soube que os pequenos viviam em Pernambuco e estavam no abrigo há dois anos, após serem tomados dos pais pelo Estado por negligência. Carlos afirma que os filhos lidam bem com a dupla paternidade e que uma conversa resolveu as dúvidas e preconceitos.
"Mostramos o vídeo do nosso casamento, o álbum do casamento na união civil, da cerimônia tradicional com juiz de paz, familiares. Aí eles entenderam e tiraram um pouco aquela coisa errada, aquela ideia que faziam dos homossexuais", declarou.
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Quando as crianças chegaram, o professor teve direito a apenas cinco dias de licença para passar com os filhos e teve que voltar a trabalhar logo em seguida. A concessão da licença para 45 dias passou por um processo de pelo menos dois meses circulando na UnB, no MEC e no Ministério do Planejamento, que também deu o parecer favorável.
Após vivenciar os 45 dias de licença, o pai de primeira viagem diz que o tempo é fundamental. Já sobre a experiência de ser pai de quatro irmãos, ele diz: "É uma coisa supergratificante. Adotar um grupo de irmão é muito melhor porque eles se ajudando, têm um elo de ligação. Ser pai é uma realização pessoal. É poder transferir culturalmente, socialmente seus valores, fazer com que eles entendam seu próprio histórico de vida e como é bom ser honesto, como é bom construir sua vida pautada em valores. A gente espera deles exatamente isso: que consigam ser felizes".