Uma professora do ensino fundamental do estado de Ohio, nos Estados Unidos, está processando seu distrito escolar por violar suas crenças religiosas e morais após ser punida por manter livros com personagens LGBTQ+ em sua sala de aula. Karen Cahall, que tem mais de 30 anos de experiência na New Richmond Exempted Village School District, foi suspensa por três dias sem pagamento após uma reclamação de um pai sobre quatro livros que ela mantinha na biblioteca da sala. Segundo o processo, esses livros eram apropriados para a idade e não eram leitura obrigatória, mas continham personagens LGBTQ+.
Cahall argumenta que sua suspensão foi injusta, uma vez que os livros estavam misturados entre aproximadamente cem outros títulos e não eram exibidos de maneira proeminente. Ela não usava esses livros como parte de seu programa de ensino e não exigiu que os alunos os lessem. O processo cita uma afirmação do ex-presidente Lyndon B. Johnson, que dizia que ‘livros e ideias são a arma mais eficaz contra a intolerância e a ignorância’. A ação judicial visa testar essa premissa diante do crescente clima de intolerância e preconceito contra a comunidade LGBTQ+, manifestado por meio de censura e proibições de livros nas escolas públicas.
Os livros em questão incluem “Ana On The Edge”, “The Fabulous Zed Watson”, “Hazel Bly and the Deep Blue Sea” e “Too Bright to See”, todos abordando temas de aceitação e autoidentidade, mas sem conteúdo sexual. Além disso, o distrito possui uma política de ‘questões controversas’ que permite que os professores abordem temas que podem gerar apoio e oposição, desde que relacionados ao ensino e sem promover uma visão específica.
O processo também alega que a política do distrito é tão vaga que pode ser aplicada a praticamente qualquer tópico que possa gerar discordância, o que prejudica a compreensão de pessoas comuns sobre o que constitui ou não uma ‘questão controversa’. Ao usar suas crenças religiosas como base para a manutenção dos livros, Cahall inverte a narrativa frequentemente utilizada por cristãos conservadores que alegam liberdade religiosa para discriminar a comunidade LGBTQ+.
Através de sua ação, Cahall defende que todas as crianças, incluindo aquelas que se identificam como LGBTQ+ ou cujos pais são da comunidade, merecem ser respeitadas e aceitas, independentemente de suas identidades. Ela argumenta que a neutralidade do governo em relação à religião e às diferentes visões religiosas é um princípio constitucional fundamental que deve ser respeitado em todas as esferas da sociedade.