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Propaganda de cerveja tem conteúdo preconceituoso contra gays

Não é novidade para ninguém o teor machista das propagandas de cerveja. Não bastasse exibirem situações cafonas e vexatórias, nas quais mulheres curvilíneas aparecem mais que os produtos expostos, às vezes algumas marcas exageram. Alguns dos nossos leitores enviaram e-mails à redação: andam descontentes com a veiculação de um comercial da Brahma. Em comunidades e fóruns gays na Internet e em sites de relacionamentos como o Orkut, por exemplo, o assunto também tem sido bastante debatido. O motivo? Uma suposta homofobia velada contida no comercial.

Rodeado por duas mulheres, Zeca Pagodinho numa mesa de bar diz: "No mundo inteiro happy hour é a hora de reunir os amigos pra se divertir, só que traduzindo para o português é a hora alegre…mas este nome pega mal, né?" A cena segue para um escritório onde um homem convida outro para uma "hora alegre". De volta ao bar, um homem fala ao celular: "Oi amor, tô aqui numa hora alegre" quando é interrompido por um outro que, num tom desconfiado, diz: "hora alegre?". Todos os presentes no bar dizem "hum…", no mesmo tom desconfiado de antes, e assim volta a aparecer o "garoto-propaganda" da marca. "Por isso a Brahma deu um nome mais esperto pro happy hour, a Zeca-Hora". O comercial fecha com um jingle explicando que a Zeca-Hora é a hora de beber a cerveja.

Procurados pela reportagem de A Capa, a assessoria de imprensa da Brahma não respondeu nosso questionamento até o fechamento desta reportagem.

Para Julian Rodrigues, ativista GLBT do Instituto Edson Neris, os comerciais de cerveja já erram há bastante tempo ao serem tipicamente machistas. Ignoram que mulheres e gays também consomem estes produtos. "Comerciais de cerveja estão entre as coisas mais reacionárias e preconceituosas que temos na mídia brasileira. São expoentes do sexismo mais vulgar, ao tratar a muher como mercadoria. Neste pacote para vender cerveja para "machos de respeito" (é engraçado, parece que mulheres e gays não bebem) o que vemos reiteradas vezes são peças de mau gosto, que reforçam o machismo e a homofobia mais primitivos presentes na sociedade".

Ainda na opinião do militante, as companhias cervejeiras poderiam rever algumas propagandas. "Está na hora dos publicitários e das fábricas repensarem seus conceitos. Do ponto de vista do movimento GLBT, feminista e de Direitos Humanos, esses comerciais são rechaçados, símbolos do que não se deve fazer, símbolos da baixaria."

Empresa usa gíria gay para fazer campanha pela responsabilidade

Ao virar a letra "Z" e fazê-la ficar em formato de "N", "Zeca-Hora" passa a ser "Neca-Hora". Este conceito foi utilizado em outra peça publicitária da marca de cerveja para a campanha de responsabilidade social "se beber não dirija". A zeca-hora é para se divertir com os amigos, mas se divertir com responsa, por isso se você gosta de passar da conta neca-hora para você.  Outras atitudes, como beber alcoolizado e vender bebidas alcóolicas para menores de idade também são merecedores da neca-hora para a marca de cerveja.

A palavra "neca", de acordo com o dicionário Aurélio, é gíria e significa não, ou coisa alguma. Nos redutos gays, a palavra tem mais um significado, trata-se do pênis.

Os vídeos dos dois comerciais citados na matéria estão no youtube e você pode conferi-los clicando aqui e aqui.

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