A nova lei sugere que adultos não podem evitar crianças em férias, levantando questões sobre espaço e liberdade.
Recentemente, a França se viu no centro de uma polêmica ao propor uma lei que poderia punir estabelecimentos que não permitissem a entrada de crianças. A iniciativa, vinda da alta comissária para a infância, Sarah El Haïry, alega que a indústria de hospitalidade está fomentando uma tendência de não aceitação de crianças, que ela classifica como “violência contra crianças”.
Essa declaração gerou reações intensas, especialmente entre aqueles que buscam descanso sem a agitação que crianças podem trazer. Para muitos, a ideia de ter um espaço reservado apenas para adultos não é uma questão de desprezo pelos pequenos, mas sim uma busca por tranquilidade e liberdade de expressão.
É importante reconhecer que, para a comunidade LGBTQIA+, esses espaços de acolhimento são ainda mais significativos. Muitos de nós enfrentamos microagressões diárias, e o ambiente de férias deve ser um refúgio, onde podemos ser autênticos sem o medo de olhares curiosos ou julgamentos. A presença de crianças em determinados contextos pode intensificar essas situações, levando a uma autocensura indesejada.
Um refúgio necessário
Imagine passar suas férias em um lugar onde você se sente confortável para expressar afeto abertamente, sem se preocupar em confundir ou ofender os outros. Essa é a essência dos resorts e hotéis voltados para adultos, que oferecem um espaço seguro para aqueles que desejam relaxar e se divertir, longe das expectativas sociais que muitas vezes pesam sobre nós.
Em uma recente experiência em um hostel gay-friendly em Puerto Vallarta, México, pude vivenciar essa liberdade. Cercado por outros homens gays, finalmente respirei aliviado. Não havia a pressão de se comportar de acordo com a norma heteronormativa, e isso fez toda a diferença. Poder ser eu mesmo, sem restrições, é algo que muitos na comunidade LGBTQIA+ valorizam profundamente.
Impacto da nova lei
A proposta da França, se aprovada, não apenas desconsideraria as necessidades de um segmento significativo da população, mas também poderia afetar negativamente a indústria do turismo do país. Com a França sendo um dos destinos turísticos mais populares do mundo, a imposição de uma lei que limita a liberdade de escolha dos viajantes pode resultar em uma perda de visitantes que buscam experiências mais inclusivas e acolhedoras.
Não se trata de rejeitar crianças ou famílias, mas de garantir que todos tenham a liberdade de escolher o ambiente que melhor se adapta às suas necessidades e desejos. Para muitos, ter a opção de um espaço apenas para adultos é essencial para desfrutar de suas férias da maneira que desejam.
Assim, enquanto a França debate essa proposta, é vital que as vozes que defendem a liberdade e a inclusão se façam ouvir. Um espaço seguro e acolhedor é um direito de todos, e não devemos permitir que políticas restritivas nos impeçam de desfrutar plenamente de nossas vidas e experiências.