No dia 24 de abril o jovem Vitor Pereira (foto), calouro do curso de Têxtil e Moda da USP, resolveu ir à a aula no campus da zona leste de São Paulo usando uma saia.
Durante sua passagem pela universidade recebeu elogios e "olhares estranhos". Mas depois, na internet, foi massacrado nas redes sociais, recebendo críticas e ofensas anônimas no Facebook.
Após o bullying virtual, o jovem de 20 anos resolveu criar uma página na rede social batizada de "Homens de Saia".
"Cansei de me enquadrar em nomes, ideologias e coisas. Eu quero que as pessoas repensem o que a sociedade impõe a elas. Eu me sinto mais confortável usando saia do que um par de calças", desabafa Vitor.
Nessa quinta (16) o movimento vai sair do mundo virtual e ganhar as ruas. O protesto "USP de Saia", idealizado por um grupo de jovens gays, está agendado para diversos campos da universidade, incluindo a Cidade Universitária, a Faculdade de Direito do Largo São Francisco e a USP São Carlos.
"Eu fiquei muito feliz, não esperava nem um terço da repercussão", comemora Vitor.
Os organizadores pedem para que os estudantes saiam de casa usando uma saia (no caso das mulheres, qualquer outro tipo de transgressão é válida, como gravatas e afins), para verificar a reação das pessoas na cidade.
"Apesar desse movimento ter surgido em um grupo LGBT da USP, ele vai além disso. É uma discussão de padrão de gênero. Por que homem não pode usar saia, sendo que isso é normal em outras culturas?", questiona Diego Santos, estudante de educação física, e um dos organizadores do protesto.
Cerca de 4 mil jovens confirmaram presença na página do evento. Na Cidade Universitária o protesto está marcado para às 18h na Praça do Relógio.
"A gente espera que vá bastante gente, mas muitos confirmados só colocam que vão para apoiar a causa. Em educação física, que é um curso considerado machista, as pessoas estão aderindo. O capitão do time de vôlei planeja um treino com saias", conta Diego.
