Minha bola de cristal segue infalível. Primeiro acertei ao apontar para um possível fritamento do delegado Prótogenes, que colocou na cadeia Daniel Dantas, responsável por mais de 100 empresas fantasmas e que mantém uma rede de pessoas a blindá-lo.
Eis que surge a nova edição da revista Veja com mais uma exclusiva a respeito do caso Satiagraha. Dizendo que teve acesso a documentos da investigação. Algumas indagações precisam ser levantadas:
A investigação e seus documentos correm sobre sigilo judicial. Como eles tiveram acesso então?
É expressamente proibido a divulgação do nome de agentes da ABIN envolvidos em qualquer caso que a inteligência brasileira esteja envolvida. Como a revista descobriu os nomes?
E outra, a reportagem segue cheia de problemas. Faz uma seqüência de afirmações em relação ao documento. Mas cadê esses papéis? Há outros buracos na reportagem e repetição de factóides que até agora não foram comprovados contra o delegado. E bora ver os políticos envolvidos na CPI e que agora querem investigar Protogenes: tudo cobra criada do PMDB.
Lição de jornalismo (para quem lê e para quem escreve): desconfie sempre.
A constatação vem agora a tarde (quarta-feira, 11/03, 15h) em uma reportagem do jornal Folha de São Paulo, onde a ministra Dilma Rousseff disse desconfiar da tal matéria, no caso da Veja, que afirma o delegado ter grampeado a ministra. Nas palavras dela:
"Ela (Dilma Rousseff) levantou dúvidas sobre se as informações contidas na reportagem correspondem de fato à realidade. ‘Vocês têm certeza que todo aquele relatório [informado na revista] é fidedigno?’, questionou."
Isso é o grande exemplo do que acontece com quem resolve peitar e colocar na cadeia gente poderosa e influente, se é que você me entende.