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Psicólogo Pedrosa: Meu amigo descobriu uma seita que “cura” gays e quer me converter, o que faço?

Eu tenho um amigo gay que passou por algumas dificuldades em sua vida pessoal e profissional e de vez em quando o mesmo costumava ir a uma igreja que diz aceitar todos os públicos, porém ele disse que descobriu um tipo de “seita” ou grupo dentro desta organização que mantém um tipo de programa de recuperação para os gays deixarem de ser gays. Acho isso puro absurdo Não acho que isso seria possível, mas o meu amigo parece irredutível sobre isso. Agora ele diz que se sente melhor, pois quando era gay vivia fazendo coisas promiscuas e que agora se livrou disso, uma coisa incrível de acreditar. O mesmo agora é super dedicado a essa religião. Eu tento conversar com ele, pois a cho que ele esta confundindo as coisas. Agora ele fica querendo me converter também, o que eu faço? Agradeço desde já. Silva (São Paulo- SP)

Estas seitas e grupos religiosos dizem que “curam gays”, mas do ponto de vista da ciência isso é impossível. Orientação sexual é como a cor dos olhos: não se pode. Nasceu gay sempre gay.

Os grupos religiosos prometem “recuperar” ou “curar” o gay como uma forma de angariar adeptos para sua organização. É só acompanhamos a programação da TV aberta para assistimos uma concorrência acirrada dos grupos religiosos das várias matizes em busca de fiéis. Mais adeptos, mais dízimos e a consequência é conta bancária mais gorda.

Dizem que aceitam todos os públicos e aceitam mesmo. São os desesperados. Pessoas com dificuldades financeiras ou profissionais, pessoas com transtornos psiquiátricos e comportamentais, empresários falidos, homossexuais que não aceitam sua orientação sexual por causa da homofobia, alguns desenganados pela medicina onde a ciência ainda não tem uma resposta ou tratamento para a enfermidade, pessoas com um repertório pobre em reforço positivo, entre outros.

E o gay surge como um bom produto para estes grupos fazedores de “milagres”. Utilizam até como marketing religioso alguns "recuperados” que dão os seus testemunhos nos programas sensacionalistas da TV como uma forma de captar novos adeptos.

Na verdade o gay não se recupera. Ele simplesmente se esquiva da prática sexual, pois continua tendo o desejo homossexual, mas não o expressa. Eles ficam sob controle dos dogmas religiosos ou regras da religião. Dedicam-se as práticas religiosas. Praticar a religião passa a ser reforçada e tem a função de autocontrole.  Autocontrole porque a prática religiosa o controla, ou seja, ele não fará algo (sexo gay) que ele prega publicamente ser contra. É algo como um ladrão que fala para todo mundo que o roubo não é bom. Então ele não rouba porque se alguém lhe pegar roubando ele será desmascarado (punido).

Alguns chegam a dedicar-se as cruzadas contra os gays fazendo campanhas públicas. Campanha pública, também, tem a função de autocontrole. Mas, o desejo sexual é tão forte que muitos “recuperados” caem na tentação e praticam o sexo gay clandestinamente.

De vez em quando a mídia divulga escândalos de padres e pastores que foram surpreendidos no motel, foram denunciados por pessoas que se envolverem sexualmente ou foram chantageados financeiramente por alguém com quem praticaram o sexo homossexual.

Apesar da “recuperação” essas pessoas sofrem bastante. Continuam tendo o desejo para o resto da vida, mas não o aceita. Elas precisam mesmo é de ajuda de um profissional da área de psicologia e alguns de tratamento psiquiátrico.

Não entre nesta furada de recuperação. Praticar o sexo gay é bom e saudável. Pode produzir boas emoções e sentimentos, caso a pessoa aceite a sua homossexualidade. Boa sorte.

*João Batista Pedrosa é psicólogo (CRP 06/31768-3) e autor do livro "Segundo Desejo" (Iglu). Envie suas dúvidas e perguntas para pedrosa@syntony.com.br. Acesse também seu site.

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