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Qual é começo e qual é o fim?

Ainda está em cartaz o filme “Do Começo ao Fim”, do diretor Aluízio Abranches. O elenco é maravilhoso e a fotografia é fenomenal e de uma poética imensa. O filme relata a história de dois irmãos, filhos de uma mesma mãe mas de pais diferentes, que crescem juntos e nutrem um amor mais do que carnal um pelo outro (veja o trailer no YouTube).

“Do Começo ao Fim” pode chocar algumas pessoas. Muita gente não entende este tipo de sentimento, nem os próprios personagens, como eles dizem em determinado trecho do filme: “Eu te amo porque para entender o nosso amor iria ser preciso pegar um monte de coisa do nosso mundo e abaixo.”

O filme aborda dois imensos tabus: o incesto e a homossexualidade. Estou lendo o livro “A Cabana”, do escritor William P.Young, e quero deixar aqui uma pergunta que Deus faz para personagem do livro e que tem tudo a ver com o que discuto agora:

“Se você quiser ir só um pouquinho mais fundo, poderíamos falar sobre a natureza da própria liberdade. Será que liberdade significa que você tem permissão para fazer o que quer? Ou poderíamos falar sobre tudo o que limita a sua liberdade. A herança genética de sua família, as questões quânticas que acontecem num nível subatômico onde só eu sou o observador sempre presente. Existem as doenças de sua alma que o inibem e amarram, as influências sociais externas, os hábitos que criaram elos e caminhos sinápticos no seu cérebro. E há os anúncios, as propagandas e os paradigmas. Diante dessa confluência de inibidores multifacetados, o que é de fato a liberdade?”

Respeito a opinião de todo mundo, mas o que não aceito são opiniões preconceituosas e antiquadas. Estamos na era da liberdade de expressão, mas infelizmente ainda precisamos manter a ordem e a disciplina porque o ser humano já provou várias vezes que não é capaz de separar liberdade de libertinagem. Vou citar um comentário postado em outro artigo que escrevi sobre o filme:

“O amor é lindo e deve ser vivido pelas pessoas que o sentem sem medos e culpas. Infelizmente a maioria da nossa sociedade simplesmente não consegue entender isso, ora, não foi o próprio Jesus Cristo quem disse: Amai-vos uns aos outros?”

Ainda assim, surgiram algumas perguntas e afirmações, tais como:
– O incesto já é estranho, imagina entre irmãos do mesmo sexo;
– Onde fica a hierarquia familiar?
– O que é o amor? Será que vale a pena ser desta forma?

Cito aqui outro comentário:

“Se nós, que sofremos na pele o peso do ser diferentes, não conseguimos sair da nossa mesquinhez, do nosso pensamentozinho católico-ocidental, quem vocês esperam que se portem diferentemente? Quer dizer que estaremos fadados a lutar cada qual, cada gueto, por seu interesse? Por favor, abram as cabeças! Será que é essa a imagem que queremos construir para as gerações de mulheres que amam mulheres, e, portanto, mulheres diferentes, que virão? Criticar é fácil, olharmos pros nossos umbigos nem sempre o é. Façamos!”

Voltemos à liberdade. Se todo mundo é o que é, então para que agir diferente da sua forma de amar? Por que os irmãos do filme não deveriam se amar? Por que eles não devem ser “aceitos”?Por que não entender que o amor nasce de forma natural por mais estranho que nos pareça?

Quem já lutou por um amor ou sofreu preconceito na pele sabe do que estou falando!

Todas as formas de amar são possíveis, desde que respeitemos as pessoas com quem nos relacionamos, sem imposições ou pressão. Precisamos romper nossos paradigmas, saber conviver com nossos tabus sem que eles nos impeçam de viver de forma livre.

Solitários

Decoração Geek