Estive em um aniversário de um amigo e foi bem legal, nem vimos às horas passar e na saída todos nós nos beijamos e nos cumprimentamos, digamos “à vontade” dentro do apartamento. Na rua, nós nos cumprimentamos com as mãos e até brincamos com alguns “falo mano!”
Não vi nenhum problema com isto, nada mal, porém foi novo. Constatei que vivo tão dentro do gueto que foi estranho.
Vi assim: quatro das pessoas que trabalham em estabelecimentos gays. O aniversariante da festa é bem sucedido. Mas porquê estávamos nos escondendo?
Eu sei, é por que as pessoas não nos aceitam: os familiares, vizinhos, empresas e políticos. Quase todo mundo. Mas eu vivo tanto em gueto que quase esqueci.
Eu vivo com a minha mãe, que sempre soube da minha vida toda. Ela é amiga do meu namorado, saímos sempre juntos. Ele dorme em casa e não há problema. Trabalho em uma empresa que presta serviço pra 400 mil gays, todos os funcionários são gays, só um que não, mas é mais que simpatizante. Todos os meus amigos são gays. Eu só saio do gueto pra ir almoçar e jantar (não daria pra fazer isso no Lopen sempre) e coisas normais, como shopping. Fora isto eu estou no gueto.
Por isto achei estranho, um monte de pessoas disfarçando, o aniversariante preocupado que o porteiro do estacionamento ouviu que o outro chamou o outro de bicha, foi diferente.
Eu sempre ouvi duras críticas ao gueto, “chega de gueto”, “nada de gueto”, mas pergunto, por que? O gueto é tão gostoso! Por que temos que nos misturar se não somos aceitos? E aí eu pergunto novamente. Qual é pior? O armário ou o gueto? Meu palpite é que o armário é bem pior.