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Qual o problema da ‘bichinha’ rebolar na frente da tevê?

É de doer ter que ouvir comentários de outros “colegas” enaltecendo ações homofóbicas com o tolo argumento de que os efeminados, bem, estes devem apanhar, pois, para muitos homossexuais homofóbicos – sim, eles existem aos borbotões –, “bichinha macula a imagem do gay” e, portanto, “deve ser exemplarmente punida”.

O que esses machões de plantão não consideram é que, para esses fanáticos, o fato de ser homossexual já basta para colocar o camarada no rol das pessoas “promíscuas”. Um “careca” não vai querer saber se você desmunheca ou não. Para ele, você é gay, independentemente do que possam mostrar os movimentos de sua mão ou o timbre de sua voz.

Partindo desse princípio, um homossexual qualquer que apóia atitudes de intolerância contra as “bichinhas” está dando um tiro no próprio pé: cria-se, assim, uma atmosfera de medo na qual nós, homossexuais, somos sistematicamente jogados ao gueto.

Ora, acreditar que um gay rebolando na tevê traz mais malefícios no que tange o pleno reconhecimento do cidadão gay do que um homossexual enrustido é o mesmo que acreditar que teria sido melhor para os negros ficarem quietinhos na senzala.

É graças ao “viadinho” do bairro, que teve coragem de dar a cara para bater, que hoje podemos discutir esse assunto tão abertamente.

É muito fácil dizer que concorda com Bruno Chateaubriand quando ele diz que as paradas “fazem pensar que todo gay é exibicionista e vive em clima de boate”. Que discussão mais tola. As paradas servem para mostrar que existimos e exigimos os direitos que nos são assegurados pela Constituição Federal — inclusive o direito de levar sua vida do jeito que você achar melhor.

Agora, se o cara prefere ir a uma boate e andar de salto alto, o problema é só dele. Não nos cabe esse tipo de julgamento. Ademais, qual a diferença desse estereótipo para o do cara que vive na academia? Ambos os tipos são a face de uma mesma moeda, o desejo pelo mesmo sexo.

Ao invés de ficarmos procurando subsídios para nossos preconceitos, devíamos olhar para aquilo que nos une (repito: o desejo pelo mesmo sexo!). Sendo milhões, teremos muito mais chances de conquistar finalmente nossa tão sonhada cidadania.

PS: Ao contrário do que afirmou o tal Bruno à revista Veja, eu beijo meeeeeesmo. Beijo na rua, no supermercado, no Réveillon, na Páscoa. E quem estiver incomodado, que vá reclamar com o Papa!

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