Vocês já conhecem o Léo. Naquela época eu só o conhecia pela internet. Mas, já fazia quase um ano que eu não dormia. Certa noite, minha mãe abriu a porta do quarto e disse:
– Filho, vá dormir.
Sem tirar os olhos do computador eu gritei:
– Mãe, eu sou gay [Por que fiz isso?]
Mãezinha, se você estiver lendo, por favor, esqueça que eu disse isso, ta? Não foi minha intenção e paizinho, isso não foi pessoal. Acredite, eu não queria que você pensasse que eu te odeio.
Minha mãe ficou pasma, embranqueceu na hora. Foi a partir desse momento que começou o princípio da ação e reação.
AÇÃO: Meu pai e minha mãe, em pé:
-Você está sem internet.
REAÇÃO: Eu sentado na cama:
-Tudo bem. [Não, não está tudo bem. Devolvam-me a internet agora]
Comecei a juntar dinheiro para viajar para a cidade do Léo.
Sem internet, eu ligava para o Léo três vezes ao dia.
– Alô, Léo? [Não posso falar muito]
– Oi… Cadu.
– Tudo bem?
– Tudo ótimo, que bom que você me ligou.
– Léo, eu preciso desligar, por que você não me manda uma mensagem? Só uma… Por favor?
– Ok, se puder te mando! Beijos.
– Beijos. Te amo.
– Tchau!
– Você não vai dizer que me ama?
– Está bem. Te amo. [Não, você não me amava. Por que não disse isso de uma vez por todas?]
Se meu pai estiver lendo isso dirá para minha mãe:
– Eu sabia que a culpa era desse veado do Léo. Vou matá-lo. Nosso filho não é gay.
Minha mãe choraria por mais três dias.
Paizinho. Lembra-se daquele dia em que cheguei da escola (você e mãezinha me esperavam na sala) e você me ofereceu um carro se eu desistisse da ideia de ser gay? Pois bem. Esqueçam que eu recusei a proposta. [Por que afinal as pessoas saem do armário?]
AÇÃO: Meus pais em pé na cozinha:
– Filho. Vamos trazer o pastor Elias aqui em casa. Você está com o Demo no corpo. [Pai eu não tenho o Demo no corpo, eu apenas não sou inrustido como o pastor Elias]
REAÇÃO: Olhando para eles com cara de nojo:
– Se vocês o trouxerem aqui, eu fujo de casa.
Eu já estava com as malas prontas para ir ao encontro do Léo.