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“Quase foi pra gaveta”, diz diretor do documentário “Meu amigo Claudia”

Dácio Pinheiro, 34, é o responsável pela ideia e direção do documentário "Meu Amigo Claudia", que retrata a história de Claudia Wonder, uma das artistas mais importante dos 80 e 90. "Meu amigo…" tem feito sucesso em todos os festivais por onde foi exibido. Lotou em São Francisco, Madri e no Brasil, onde foi exibido em São Paulo no Festival Mix Brasil de Cinema de 2009.

Pinheiro contou a reportagem do A Capa que a ideia do projeto surgiu após ele conhecer pessoalmente a Claudia e ao escutar as histórias de sua vida. "Principalmente a história da performance da banheira que ela fazia", conta Dácio.

Mas nem tudo são glórias em torno do filme. Ao todo foram quatro anos para a conclusão do documentário, que graças a produtora Piloto, que acreditou no projeto, foi possível a realização. Segundo Dacio, o longa quase foi pra gaveta.

Dando continuidade a sua carreira de sucesso, "Meu amigo Claudia" esta participando da mostra competitiva do festival Ine-dit de documentários musicais. Na entrevista que você confere a seguir, Dácio fala sobre a escolha dos entrevistados, o que o motivou a contar parte da história de Claudia Wonder e de sua geração que, segundo o cineasta, carece de "memória" histórica.

Como está o trajeto do documentário nos festivais?
O filme estreou no ano passado em São Francisco, depois ele foi exibido em Madri (Espanha) onde nós ganhamos o prêmio do público e depois foi exibido no Mix Brasil. Foi sua primeira vez país e também foi premiado como melhor documentário.

Como foi a reação do público nos países estrangeiros?
Foi bem legal. As pessoas interagiam bastante, foi uma surpresa.

Em relação à Cláudia, surgiu curiosidade?
Em São Francisco as pessoas ficaram muito curiosas. O interessante é que a Claudia foi também ao festival e lá organizaram um show pra ela fazer.

O que motivou você a fazer o documentário sobre a Claudia Wonder?
Quando eu conheci a Claudia eu fiquei sabendo de várias histórias e por eu não ser daquele universo underground e roqueiro,  acabei me interessando por fazer o documentário. Eu também quis contar uma historia de uma geração que ainda carece de memória, que é os anos 80. Principalmente essa cena mais rock. Mas, o fato principal que motivou foi a historia da banheira. Eu achei incrível descobrir que ela jogava groselha nas pessoas e fazia disso um protesto incrível.

Antes de fazer o documentário você já conhecia a Claudia?
Eu a conhecia de vista, mas não pessoalmente. A conheci pessoalmente quando fiz um trabalho com ela e a partir daí comecei com a ideia de fazer o filme. O trabalho que está aí levou quatro anos para ser feito. Nos encontrávamos e fazíamos umas entrevistas com ela, mas o grosso foi feito recentemente.

Fazer documentário no Brasil já é difícil, acredito que fazer um que retrate uma artista transexual seja mais difícil ainda. Como foi pra conseguir patrocínio?
Eu apresentei o projeto para uns amigos que tem uma produtora, que é a Piloto, e eles abraçaram a ideia. Não teve nenhuma lei de incentivo fiscal e nem patrocínio. Foi todo feito pela produtora e eles deram toda a estrutura para fazer o documentário.

Vocês pretendem exibir o documentário em salas de cinema?
Pretendemos.

Tem previsão?
Ainda não, estamos tentando por aí. A Suzy Capo (dona do selo Filmes do Mix e diretora do festival Mix Brasil) está ajudando a gente. Ela também tem um projeto de distribuir. Apesar da aceitação do filme ser superlegal ainda tem um pouco de dificuldade (para conseguir patrocínio para distribuição).

Qual foi o critério de seleção dos entrevistados?
Boa parte das pessoas que eu procurava e que tiveram importante participação na vida da Claudia já tinha morrido. Era meio triste. Ela mesma falou que era difícil e que a agenda dela está cheia de cruzinhas. Então eu fui atrás de pessoas que tinham algo a dizer e não que necessariamente tivessem vivido com ela, mas que em algum momento a sua história estava relacionada com a da Claudia. Com isso eu quis resgatar a historia da Claudia, principalmente para a nova geração, que não sabe que pessoas como a Claudia deram a cara à tapa para muitas coisas. Hoje em dia as pessoas se montam e ficam mais a vontade, naquela época era muito difícil.

Teve medo que o documentário da Claudia fosse pra gaveta?
Ele chegou a ir por um tempo, mas depois rolou o interesse pelo projeto.

Tem algum projeto novo em vista?
Estou trabalhando em alguns projetos, mas nada muito fechado.

Esses projetos estão relacionados à questão gay?
Sim e não.

Confira os dias emque será exibido o documentário "Meu amigo Claudia" no Ine-dit Festival de documentários musicais

Meu amigo Claudia
20/03, sábado, 21h30, Auditório Ibirapuera
22/03, segunda, 19h, Cinesesc
23/03, terça-feira, 19h, Galeria Olido

Veja o trailer de "Meu amigo Claudia"

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