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Queixa de jogador Richarlyson contra cartola do Palmeiras também é preconceituosa

O que mais surpreende nos desdobramentos do caso do jogador Richarlyson na mídia é a falta de discussão em torno de algo essencial para o pleno reconhecimento dos homossexuais como cidadãos: o argumento de que ser gay ofende a dignidade e a honra do indivíduo.

Ora, a revolta da comunidade gay contra a decisão do juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho é justa e não há dúvidas de que o magistrado deve ser punido. Isso é ponto pacífico. A questão é outra: o que deve ser discutido é se há crime de injúria quando apontam alguém como sendo homossexual.

Admitir que a homossexualidade é ofensiva à honra serve tão-somente para dar voz aos conservadores e reacionários de plantão; é perpetuar prática discriminatória com base na orientação sexual, o que é vedado pela Constituição Federal e inadmissível no que se refere à defesa dos direitos humanos.

É difícil acreditar que à luz do século 21 ainda existam pessoas — sobretudo enrustidas — que apresentam queixas à Justiça contra delatores da sua sexualidade. O gay, ao assumir essa posição, dá mais um passo em direção ao abismo da discriminação. Ao tentar esconder da sociedade o amor entre iguais, o gay ratifica o senso-comum. O que é bonito é pra se mostrar.

Dizer que fulano ou cicrano é gay não pode ser considerado pejorativo, tampouco um atentado à honradez de outrem. O que vejo acontecer com os gays em geral é uma supervalorização do ser sexual e, principalmente, muita homofobia internalizada.

Como bem disse João Pereira Coutinho, em artigo na Folha de S. Paulo de ontem, “acreditar que um adjetivo [homossexual] se converte em substantivo é uma forma de moralismo pela via errada. É elevar o sexo a condição identitária. Sou como ser humano o que faço na minha cama”.

Aberrante, não?

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