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Quem sabe agora a homofobia seja percebida

Sempre uso minha mãe como exemplo… E tenho lá meus motivos pra isso, afinal, ela é um resumo do ensinamento popular passado de geração em geração… Algumas vezes (mas só em pouquíssimas vezes, "vox popoli, vox Dei" – em latim, significa "A voz do povo é a voz de Deus"). O fato é que minha mãe sempre usa um ditado muito popular que diz: pimenta no edi dos outros é refresco… O meu, mona, de groselha Milani, por favor!!!

Pois é, meus escândalos… Um problema só parece se tornar visível quando começa a fugir de controle e quando outros setores da sociedade (sobretudo os setores dominantes) começam a sofrer com os efeitos de algum tipo de ação ou reação. Um exemplo bem típico disso é o caso da violência. Enquanto a violência está na periferia, no morro ou na favela, a preocupação do governo (e também da sociedade como um todo) é mínima. No entanto, se esta violência desce o morro ou saí da "fronteira" entre o subúrbio e o centro da cidade, aí sim a coisa vai ser vista como um problema real.
 
Com a homofobia (social ou letal) é a mesma coisa.
 
Enquanto os ataques homofóbicos (que sempre aconteceram) eram contra as travestis que trabalham como profissionais do sexo nos diversos pontos da cidade ou então contra o "veadinho" do subúrbio que é atacado pelo bando dentro das escolas ou pela ruas do bairro, então, não se trata de homofobia e, muitas vezes, a vítima é considerada culpada pela agressão que ela mesma sofrera.
 
"Ah, mas a travesti está na rua, está se expondo aos perigos comum ao universo da prostituição", alegam alguns – aquele deputado que me recuso a dizer o nome é um deles. Eu me pergunto: Qual o direito que uma pessoa tem de destratar, xingar, agredir alguém por conta de ser travesti e prostituta? Pois é, mas eu mesma já vi esta cena acontecendo diversas vezes. Um bando de heterossexuais retardados que saem às ruas com a única intenção de "zoar com os traveco", como eles dizem.
 
Outra cena muito comum, que acontece todos os dias e que potencializa em muito a evasão escolar, por parte dos LGBT é a agressão gratuita contra os "veadinhos", como gentilmente são tratados pelos alunos ditos "normais". Que de normal, meu amor, não tem nada… Eu mesma sofri com o bullying no meu tempo de escola, nada muito grave, mas que poderiam ter me trazido traumas enormes… Graças a Deus não foi o que aconteceu.
 
Enquanto esta homofobia acontece assim, com a "gente diferenciada", as autoridades e a sociedade parecem fazer vistas grossas em relação ao problema. No entanto, esta doença (não consigo classificar de outra forma a homofobia) está ultrapassando os limites do gueto e está chegando aos bairros nobres da cidade, ou então, fazendo vítimas que nem são homossexuais, como o caso do pai e filho de São João da Boa Vista que foram agredidos por terem sido identificados como possível casal homossexual.
 
E aí, é hora de chover e transbordar hipocrisia. Todos se posicionam comovidos, até revoltados contra tais crimes. Agora que as vítimas não são mais aqueles que são normalmente postos às margens da sociedade, então, agora a homofobia existe e é um problema que precisa ser urgentemente debatido e combatido. No fundo, essas ironias (se não fossem trágicas, seriam até cômicas), afinal, é bem capaz que agora, depois de um ataque onde dois homens heterossexuais (pai e filho, diga-se de passagem) foram gratuitamente agredidos por serem confundidos com um casal gay, a lei contra a homofobia tenha algum avanço.
 
Porém, continuo duvidando que religiosos, poderosos e companhia limitada iria se abalar a escrever uma única frase em seus twitters, se as agressões fossem com uma travesti, por exemplo…
 
Permito-me a dizer que tais comoções não passam de solidariedade para inglês ver…
 
Tá dado o recado…
 
Beijo, beijo, beijo… Fui…

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