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“Queremos tirar as mães de filhos LGBT do armário”, diz Majú Giorgi

O grupo Mães Pela Diversidade, que reúne mães e pais de filhos LGBT, divulgou nesta sexta-feira (18) o sensível vídeo "Mães!", em que mostram várias fotos de famílias que aceitam, respeitam e apoiam as filhas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres transexuais e homens trans.

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De acordo com a mãe e coordenadora Majú Giorgi, a ideia é atentar para o assassinato de Lucas Fortuna, vítima de homofobia em novembro de 2012. E também tirar as mães do armário para engrossar o caldo contra o preconceito.

"É preciso ter mães em todos os lugares, tirá-las do armário e mostrar que nós também somos família. É para assustar os fundamentalistas e mostrar que nós, que somos mães, vamos defender os nossos filhos", afirmou ela, que conseguiu reunir cerca de 70 mães no vídeo.

Segundo Majú o grupo tem centenas de mães, mas admite que poucas querem levantar a bandeira nas várias manifestações e Paradas pelo país. "A gente respeita o tempo de cada uma. Aos poucos elas se conscientizam, se revoltam e querem participar. Nós temos mãe que teve a filha apedrejada no condomínio. O meu filho (André) sofreu um ataque horroroso. O Lucas morreu. São sobre esses casos, além dos direitos civis, que lutamos".

Assista ao vídeo e, depois, leia um bate-papo com Majú:

– Muitos evangélicos fundamentalistas dizem estar protegendo a família quando vão contra o direito LGBT. Acredita que este discurso é errado e tendencioso?

Completamente, porque nós também somos família. E olha que somos muito mais exemplo que muitas famílias religiosas. Eu sou cada há 30 anos com a mesma pessoa, o meu filho é casado há 4 anos. Eu tenho uma filha evangélica, que é a primeira a defender o irmão (gay). Ao contrário de pais que expulsam de casa e não aceitam os seus filhos, nós somos exemplo de união e de família.

– Por qual motivo muitos pais ainda resistem em aceitar os seus filhos LGBT? Há esperanças?

É o patriarcado e também a igreja cristã. Mas parte desta igreja está levantando para ajudar. Temos uma igreja batista que diz "Jesus Cura a Homofobia", que está sempre com a gente e que quer tirar o rótulo de fundamentalista.

– Você percebe que aceitação ou região muda por Estados do Brasil?

Muda. O sul e o sudeste têm mais mães no grupo, é a maior concentração. Os mais inclusivos são São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Rio grande do Sul e Paraná. Os outros estados têm mais resistência. Dependendo do caso, há pessoas blindadas e que a gente não consegue alcançar o coração. Enquanto isso, as crianças estão sofrendo, principalmente a população trans (travesti, mulher transexual, homem trans e outras transgeneridades), que é a que mais sofre preconceito de todas.

– De qual maneira vocês abordam as mães que procuram o grupo?

Aprendemos com a Edith Modesto a não recriminar pais que tem dificuldade de aceitar. A gente sabe como é a pressão da sociedade e da religião, e não sabe como é o drama pessoal dentro da família. A gente acolhe, respeita o tempo dela e, no dia em que ela estiver preparada, elas vem. E a gente luta para que o acolhimento seja verdadeiro.

– Pois tem muita mãe que diz que aceita o filho, mas não o namorado, né?

Tem. E a luta é para que nossos filhos possam estar com o namorado na mesa de Natal, porque qualquer coisa fora disso não é acolhimento. "Aceito, mas não quero ver?" Isso não existe. E sabe um dado curioso? A gente tem reparado que os filhos que contam com as mães todos eles têm relacionamento estável. Até para isso serve, para que o filho sossegue (risos).

– Quem quiser procurar o Mães Pela Diversidade, onde encontra?

Estamos no Facebook, Instagram, e-mail e na próxima semana vamos ter um site. Para finalizar, quero dizer para todas as mães que amem os seus filhos, que compreendam que não é opção, é condição. E que se unir ao grupo é lutar por um mundo mais junto e mais acolhedor.

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