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“Quero colocar peitos de silicone. Mas não vou mexer em nada lá embaixo”, diz cartunista Laerte

O cartunista Laerte ao lado da sua imã caçula Marília Coutinho foram destaques da revista Serafina do jornal "Folha de S.Paulo" desse último domingo (24).

Os irmãos lidam com seus corpos de maneira parecida, contrariando as convenções da sociedade. Desde 2009, Laerte passou a se vestir de mulher e adotou o nome de Sônia. Já Marilia faz levantamento de peso e é recordista mundial de agachamento "raw" (sem equipamentos). Ela foi a única mulher capaz de levantar 175 kg sobre os ombros.

"Reivindicamos o direito de ser dono do próprio corpo. Eu quero ser forte, rápida, flexível. Não importa o aparelho genital com que nasci", diz Marilia à publicação.

"Nossos caminhos são diferentes, mas lidamos com a mesma realidade. E entramos em atrito com as regras desse jogo", completa Laerte.

O cartunista decidiu ir um passo além e vai colocar peitos de silicone. "Agora quero colocar peitos de silicone. Mas não vou mexer em nada lá embaixo", revela.

A ideia de Laerte ou Sônia é acabar com as imposições do que é um homem ou uma mulher. Ele não quer ser nem um nem outro, e sim um transgênero. Ou "transgênera", como prefere, em mais uma subversão (o termo é usado no masculino).

Hoje bissexual assumido, Laerte diz ter bloqueado seu lado homossexual nos anos 80, por conta da política. Em uma campanha para eleições sindicais na década de 1980, chegou a desenhar um personagem da oposição como um gigante gay, usando a homofobia como arma.

"Fazer parte daquele movimento foi fundamental para o meu processo criativo, mas sufoquei uma parte de mim para viver como o tio Stálin achava certo", diz, referindo-se ao ditador soviético Joseph Stálin, que perseguiu os homossexuais na União Soviética durante seu governo.

Apesar de ainda enfrentar preconceitos, Laerte diz que expor a sua vida "pode ser importante para outras pessoas".

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