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“Quero lutar para que garotos afeminados não sejam assassinados”, diz Jean Wyllys

Se de um lado a comunidade gay perdeu uma das suas principais defensora, a senadora Fátima Cleide (PT-RO), por outro ela pode ter ganhado uma nova voz para defender os direitos gays no Congresso Nacional: trata-se de Jean Wyllys, que foi eleito deputado federal pelo PSOL do Rio do Janeiro.

Em entrevista exclusiva, o agora deputado federal disse que vai lutar para derrubar a proibição de adoção para casais do mesmo sexo; que pretende trazer o debate a respeito da criminalização da homofobia e deixar claro que o PLC 122 não é uma "mordaça" gay.

Jean também acredita que ao lado dos deputados Chico Alencar e Ivan Valente, ambos do PSOL e também eleitos para o Congresso Nacional, poderá fazer um trabalho importante e "verdadeiramente socialista". O deputado falou ainda a respeito do assassinato do jovem gay de 14 anos, Alexandre Ivo.

Esperava ser eleito?
Olha, quando a gente entra numa campanha é claro que entramos pra ganhar. E desde o começo, quando analisei a minha candidatura, sabia que tinha 50% de chances de ganho e de perda. E ainda mais porque estou em um partido que é de esquerda e pequeno. Não tive recursos e enfrentei campanhas milionárias. Fizemos uma campanha limpa, não usamos placas e adesivos de carro. Eu tive 7 segundos na televisão. E acredito que eu, Chico Alencar (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP) podemos fazer um trabalho muito interessante no Congresso Nacional.

O que pretende fazer a partir de hoje (04/10) até o dia de sua posse?
Iremos fazer um balanço de como foi a campanha e teremos encontros com o partido. Também quero decidir sobre as minhas aulas, pois não pretendo abandonar todas. E claro, quero descansar, pois estes três meses de campanha foram intensos e cansativos.

Você acompanha o caso do Alexandre Ivo desde o começo. Pretende levar essa questão para o Congresso Nacional?
Pretendo. Já venho fazendo debates públicos a respeito do assassinato de Alexandre Ivo. Quero através da morte deste garoto fazer uma luta para que outros meninos que tenham a idade dele (14 anos) e que são afeminados, ou que não se enquadram no padrão masculino heteronormativo, não venham a sofrer o que ele sofreu.

Agora que está eleito, pretende levar o debate da adoção por casais do mesmo sexo, união civil e criminalização da homofobia para o Congresso?
Claro que sim. O meu compromisso é com os direitos civis, com o Estado laico. Portanto, enquanto deputado federal, quero lutar para derrubar a cláusula que proíbe a adoção por casais do mesmo sexo e quero trazer o debate do PLC 122 de volta. Quero mostrar para a sociedade que o projeto em questão não proíbe ninguém de falar nada e que apenas quer instituir o direito à vida.

O que achou da não eleição da Senadora Fátima Cleide (PT-RO)?
Lamento profundamente. Por defender a comunidade LGBT, Fátima era vítima de homofobia e quem perde também são as minorias como um todo, pois a senadora defendia os negros, as mulheres… Enfim, lamento muito.

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