Menu

Conteúdo, informação e notícias LGBTQIA+

in

“Quero me casar com um homem, nem que eu tenha 100 anos”, diz príncipe gay indiano

Chamou a atenção da mídia a presença do príncipe gay indiano, Manvendra Singh Gohil, 44, que irá participar da 13ª Parada Gay de São Paulo, no dia 14 de junho. Herdeiro da dinastia de Rajpipla, o príncipe se diz o único homossexual a se assumir em uma família real e moderna.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, neste último domingo (31/05), concedida por telefone ao repórter Vinícius Queiroz Galvão, diretamente de Rajpipla, Manvendra contou que, depois de se assumir, a fachada cor-de-rosa do seu prédio lhe rendeu o apelido de “Pink Prince”.

"Sempre foi rosa [a fachada]. Talvez meus antepassados tenham previsto que um dos seus descendentes nasceria adorando essa cor, então pintaram de rosa. Minha cidade é conhecida como a cidade cor-de-rosa, tudo aqui é rosa, até o palácio", disse.

Manvendra  afirmou que ser gay na Índia é muito difícil, pois além da sociedade não aceitar, o ato homossexual é, por si só, uma ofensa. "É muito difícil porque ser gay não é crime, legalmente falando, mas o ato homossexual é uma ofensa. O ato sexual é crime, com prisão de dois a dez anos. O sexo oral e anal entre homens são vistos como atos contra a natureza", contou.

Questionado, então, porque saiu do armário, Manvendra afirmou que "se uma pessoa como eu se assumisse, começariam a discutir a homossexualidade neste país. Sabia que a mídia ia sensacionalizar."

Após dar sua cara a tapa, o príncipe conta que as reações foram as mais negativas possíveis. "Minhas efígies foram queimadas em praça pública. A mídia teve um papel muito importante, inclusive Bollywood e as TVs." Já o rei e a rainha, primeiro o deserderam, "mas depois viram que estavam errados."

Na entrevista, o repórter aponta que, apesar da rigidez com relação à sexualidade, o kama sutra passa a ideia de que a sociedade indiana é um liberal sexualmente falando, o que o príncipe concorda. "Historicamente nossa sociedade sempre foi muito liberal em relação à homossexualidade. Era aceito. O kama sutra tinha um capítulo exclusivo com posições gays. Até a colonização britânica, que fez essas leis homofóbicas", disse.

Atualmente, o príncipe afirmou que não tem namorado, pois fez um compromisso de não sair com ninguém na Índia até que o país descriminalize a homossexualidade.

No entanto, Manvendra afirmou que quer muito se casar com um homem. "Quero completar o meu compromisso com a sociedade, nem que eu tenha 100 anos de idade", afirmou.

Para a Parada Gay de São Paulo, o príncipe espera aprender "mais sobre a cultura brasileira, como as pessoas se comportam." E termina com uma pergunta lançada ao repórter: "Você, que é daí, me diz uma coisa: está frio, faz calor, com que roupa eu vou?"

Sair da versão mobile