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Redação fala sobre os protestos e a visita do papa ao Brasil

A visita do papa ao Brasil serviu para evidenciar, mais uma vez, que grande parte dos gays, por motivos que fogem ao nosso entendimento (e até ao entendimento deles, acreditamos), não sabe – ou não quer saber – muito bem qual o papel dos movimentos sociais na conquista dos direitos das minorias.

Numa rápida olhada pelos comentários sobre protestos contra o papa que recebemos nos últimos dias, fica evidente o viés conservador e, sobretudo, religioso das mensagens. Diz um deles: “Ridículas e arbitrárias são essas manifestações anti-católicas! Lembrem-se de que o santo padre é uma figura importante para os 35 mil jovens que o aplaudiram no dia 10 no Pacaembu”. Ok. E onde fica o respeito pelos 18 milhões de gays que sofrem com o preconceito, que a Igreja, na figura de Bento 16, só faz aumentar?

Santo? Desculpem-me, mas qualquer ponto de vista que se preze deve ser amparado em idéias objetivas e não em crenças religiosas. Para outro leitor, “os grupos e Ongs pró-gays deveriam se preocupar em denunciar deputados do mensalão, corrupção em Brasília, aumento no salário dos deputados”. Outro comentário na mesma linha de pensamento: “Por que esta Ong não reclama que o Lula entregou a Petrobras ao ‘indiozinho’ Morales com um desconto de quase 50%?”.

Gente, acorda: já existe toda sorte de entidades tratando especificamente desses assuntos. Ongs pró-gays cuidam de questões relacionadas aos gays, certo? Caso contrário, não seriam chamadas de “pró-gays”.

Outra idéia esdrúxula é de que o pleno reconhecimento dos direitos dos homossexuais possa ser conquistado de forma diplomática, em reuniões “civilizadas”, curtindo o bem-bom do ar-condicionado. “Depois eles não querem que exista preconceito contra os homossexuais. Estão erguendo bandeiras em ataques ao pontífice, ao invés de mostrar a ele que somos pessoas maravilhosas e dignas de respeito.” Ingenuidade tem limites, pessoal!

Ora, vamos convir que a comunidade negra e as feministas não chegaram onde estão servindo chá aos seus algozes. Ambos os grupos lutaram, brigaram, protestaram e ainda o fazem. E sabem o motivo? Reflitam.

Comentário sensato: “Enquanto os gays forem desunidos, como mostram os comentários acima, nunca teremos nossos direitos respeitados e assegurados. É de dar pena ler estes ‘posts’. E viva o movimento negro, que até comete erros, como qualquer outro, mas não sofre ataques dos próprios negros por causa disso”.

Alguns comentários seriam chocantes, não fossem ingênuos. “Deixe o papa em paz. Os gays estão perdendo o foco em ser alegres, sem rancor. Gay deve defender seus direitos, sim, mas sem rancor. Isto nos faz diferentes dos outros para melhor.” Sem mais comentários.

Um outro leitor, incoerente, acabou dando um tiro no próprio pé, ao afirmar que em “relação aos comentários citados e a matéria, acho sim que o papa não deveria ser blasfemado (…) há tantas pessoas passando fome para sua roupa do papa ser de fio de ouro e prata, enquanto Jesus andava feito mendigo”. Este deve estar sendo irônico, só pode ser.

Última citação, prometemos: “A igreja católica tem na sua história a complacência com as piores atrocidades da humanidade, como foi quando do genocídio dos povos indígenas, a legitimação da escravidão, calando-se diante do nazismo, desalmando as prostitutas e hoje oprimindo milhões e milhões de homossexuais”.

Dogmas religiosos à parte, propomos, aqui, tão-somente, reflexão. Não basta ter opinião, é preciso pensar antes de abrir a boca. Lembrem-se: “Penso, logo existo”.

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