O filme Badnam Basti, lançado em 1971 e conhecido como “Vizinhança de Má Fama”, é considerado o primeiro longa-metragem queer da Índia. Baseado em um romance de 1957 de Kamleshwar Prasad Saxena, a trama gira em torno de Sarnam, um ex-bandido que se torna motorista de caminhão, e sua complexa relação com Bansuri, uma mulher por quem ele ainda nutre sentimentos, e Shivraj, um jovem empregado doméstico. A película, que apresenta um triângulo amoroso sutil entre os protagonistas, foi um marco no cinema queer, explorando o desejo entre homens de forma inovadora para a época.
Após sua estreia em festivais europeus nos anos 70, Badnam Basti caiu na obscuridade até ser redescoberto em 2019, quando uma cópia em 35mm foi acidentalmente encontrada por curadores americanos na Arsenal Institute for Film and Video Art em Berlim. O filme foi digitalizado e, durante a pandemia, ganhou nova vida ao ser exibido online, despertando grande interesse e possibilitando sua restauração.
A nova versão apresenta 108 minutos de duração, superando a edição anterior de cerca de 90 minutos. Para especialistas, como a cineasta Shai Heredia, a obra não apenas retrata relações homoafetivas de maneira ousada, mas também desafia estereótipos comuns, mostrando a experiência queer de forma mais natural e integrada à sociedade indiana. Heredia afirma que o filme reflete uma visão normalizada de homens que fazem sexo com homens (MSM) e destaca a capacidade dos personagens de desafiar normas sociais.
Com uma narrativa não linear, Badnam Basti também se destaca por sua estética visual arrojada, incorporando técnicas cinematográficas inovadoras que podem ter contribuído para sua rejeição inicial pelo público. A exibição do filme no Barbican, em Londres, no dia 12 de dezembro, representa uma nova oportunidade para reavaliar este clássico esquecido do cinema indiano e sua contribuição para a representação da comunidade LGBTQ+ no cinema.