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Reflexões sobre a televisão (ou como se alienar numa semana de ócio)

Sete dias de férias e nada de viagens. Com esse coeficiente tenebroso, passei a semana passada entre o sofá, assistindo a TV, é claro, a geladeira e eventuais desvios para o banheiro. Os não-habitantes de Sampalândia acreditam pulular atividades culturais, baladas, bares e restaurantes aqui. Eles estão certíssimos. Mas, tudo é bem caro… Se não viajei é porque não tinha dinheiro e consequentemente não teria para tantas atividades na Terra da Garoa. Televisão: a dita “elite branca” adora dizer que a TV aberta brasileira é uma bosta e venera os canais pagos. Salvo raras exceções (para ambos os lados), canais como o Warner e Discovery, apenas para ilustrar, têm programas de gosto – pra lá – de duvidoso. As tão aclamadas sitcoms americanas não passam de novelas mexicanas travestidas de programas “cult”. Personagens moralistas e estereótipos aos borbotões são a tônica dessas novelas. O vencedor das dificuldades da vida é sempre o mais certinho. Não me passa pela cabeça o que leva os gays a aclamarem “Will & Grace” como algo revolucionário. O que há de positivo num programa que mostra personagens gays na acepção mais pejorativa da palavra? O exemplo mais recente desse levante cor-de-rosa nas emissoras vem aqui mesmo de Pindorama. Carlos Lombardi brindou o peludão Marcos Pasquim com um personagem bem complexo e que, certamente, vai ajudar – em nada – a diminuir a homofobia. Lance, personal trainer, vive a se passar por gay – com todos os trejeitos necessários – para não despertar suspeitas nos maridos de suas clientes. Lance-Pasquim se desmunheca todo na academia em que trabalha e mais ainda pra fugir de confusões com os machões da trama. Lombardi declarou: “Nessa novela, Pasquim não vai aparecer apenas sem camisa. Ele vai interpretar”. (Parêntese mais do que necessário: numa semana, a única cena em que Pasquim aparece ‘vestido’ é de regata colada e short de náilon) O negócio é o seguinte: finalmente, os meios de comunicação perceberam que gays também são gente, ou melhor, consumidores. É “bacana” ter, pelo menos, um personagem do universo GLBT nos programas. Fomos identificados como um novo, e endinheirado, mercado a ser desbravado pelos profissionais do marketing e da publicidade. O que deve ser discutido é até que ponto apresentar apenas os gays estereotipados na TV é positivo para a conquista de nossos direitos.

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