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Rejeitado pelos pais, príncipe gay da Índia transforma palácio em abrigo para LGBTs sem-teto

Um gesto de coragem, orgulho e amor próprio tem chamado a atenção da imprensa internacional. Na Índia, onde a homossexualidade é criminalizada, de acordo com o artigo 377 do código penal do país asiático, o príncipe Manvendra Singh Gohil, homossexual assumido, transformou o palácio em que habita, em um abrigo para LGBTs sem-teto.

Filho do marajá Rajpipla, do estado Gujarat, região oeste da Índia, Gohil se assumiu gay em 2006, quando foi rejeitado e deserdado pelos pais. Os indianos mantém postura inflexível à diversidade sexual.

Se eu passei por esse tipo de situação, o mesmo pode acontecer com qualquer outra pessoa homossexual“, afirmou o príncipe em entrevista ao jornal International Business Time. “Na Índia, nós vivemos em um sistema familiar, e somos condicionados mentalmente a estar sempre com nossos pais. No momento em que se tentar sair do armário, nos dizem que vamos ser expulsos e que a sociedade vai nos boicotar. A pessoa é banida da sociedade. E muitos são dependentes financeiramente dos pais“.

Eu quero oferecer empoderamento social e financeiro para as pessoas, para que, com o tempo, elas sejam capazes de se declararem que são LGBTs sem seres afetadas. Eles terão seu próprio sistema de segurança social. Não vai fazer diferença se forem deserdadas por suas famílias“, afirmou o membro da família real indiana.

Gohil conta que começou a se descobrir gay por volta dos 12, 13 anos, quando começou a se interessar por pessoas do mesmo sexo. Ele chegou a manter um relacionamento heterossexual por um ano, mas se divorciou após esse período.

Para o príncipe, a postura retrógrada dos indianos frente à questão de orientação sexual  – e mesmo identidade de gênero – é culpa da Inglaterra, país que por anos colonizou a Índia.

Segundo conta, na cultura indiana tradicional, pessoas trans tinham um papel importante como conselheiras nos palácios. O Qur’na também reconhece que Allah criou ambiguidade de gênero. “Quando se lê sobre nossa história e cultura, percebe-se que a homossexualidade está presente no Kama Sutra, e que vários templos exibem estátuas e esculturas homoeróticas“, diz.

Em 2017, a Suprema Corte indiana decidiu que homossexuais e transexuais têm o direito de se expressarem sua sexualidade sem discriminação. Para Gohil, está na hora desse pensamento arcaico mudar na Índia, se até no Reino Unido a homossexualidade hoje é permitida.

Minha missão é percorrer o globo, ir aonde quer que eu seja chamado, tornando a causa algo central para a sociedade. Como diz um ditado em sânscrito: ‘vasudhaiv kutumbakam’ – ‘o mundo inteiro é uma família só“, conclui. 

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