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Relembre os personagens gays criados por Sílvio de Abreu, autor de “Passione”

Sílvio de Abreu é um dos top novelistas do Brasil. Estreou na TV Tupi adaptando "Éramos Seis" ao lado de Rubens Ewald Filho em 1977, e foi para a Rede Globo com "Pecado Rasgado", de 1978. De lá para cá foram inúmeras novelas, uma série e a coroação de um trabalho consagrado por mídia e público. E Sílvio já há algum tempo busca incluir personagens gays em suas tramas, a exemplo dos colegas Gilberto Braga e Aguinaldo Silva.

A primeira experiência do autor no assunto foi em 1987, na novela "Sassaricando". Ali tivemos Jorge Lafond (1953-2003), interpretando a misteriosa travesti Bob Bacall, que fazia show em uma espelunca dark e trabalhava para a organização secreta "Ela". Foi uma pequena participação, mas que marcou.
 

Já em 1990, na minissérie "Boca do Lixo", Sílvio ousou mais. A trama central trazia um segredo embutido: Henrique (Reginaldo Faria) se casa com a atriz decadente Cláudia Toledo (Sílvia Pfeiffer, estreando como atriz), mas na verdade ele era amante do pedreiro Tomás (Alexandre Frota), que por sua vez também tinha um caso com Cláudia.

 

Em "Deus nos Acuda", de 1992, o núcleo celestial trazia alguns anjos que tentavam ajudar os pobres seres humanos. Entre os anjos, havia Querubim (Eduardo Martini), que tinha trejeitos e uma irreverência gay. Na mesma novela, Gino (Jandir Ferrari) surgia travestido como "Gina", para fugir de um crime. Acabava a novela conquistando o coração do bofão Wagner (Paulo César Grande), numa clara citação ao filme "Quanto Mais Quente Melhor" (1959).

 

Mas foi em "A Próxima Vítima" (1995) que o assunto ganhou destaque nacional. Ali, o autor introduzia o casal de estudantes gays Sandrinho (André Gonçalves) e Jefferson (Lui Mendes). A dupla enfrentava o preconceito e a resistência das famílias, e terminava num final feliz bem positivo. Foi a primeira vez que o tema ganhou o horário nobre de forma aberta e visionária – ainda que, na vida real, o ator André Gonçalves tenha sido agredido em público por intolerantes.

 

Em 1998, um retrocesso: o casal de lésbicas Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Sílvia Pfeiffer) virou o bode expiatório do fracasso da novela "Torre de Babel", e acabou morto na explosão do shopping que era cenário da história. Uma pena.

 

Em 2001, nova tentativa: "Filhas da Mãe" tinha Cláudia Raia como Ramona, uma transexual nascida como Ramon e que ressurge como mulher e estilista, conquistando o coração do amigo de infância Leonardo (Alexandre Borges).


Finalmente, tivemos "Belíssima", de 2005. Ali, Pedro Paulo Rangel dava seu habitual show de interpretação, encarnando Gigi, que ao final da novela surgia acompanhado de um namorado jovem e gostosão. O final da dupla Rebeca (Carolina Ferraz) e Karen (Mônica Torres) sugeria também um romance entre as duas mulheres, que iam viajar sozinhas num iate – por sinal, num desfecho bastante semelhante ao das personagens Juliana (Maitê Proença) e Vânia (Maria Zilda), que em 1983 terminaram a novela "Guerra dos Sexos", de Sílvio, embarcando num cruzeiro repleto de homens seminus. Naquele caso, era evidente que as duas moçoilas viravam devoradoras de homens – mas não é impossível imaginar um tom "lesbian chic" para elas, já naquela época.

 

E chegamos a 2010, com "Passione". A novela já começa com uma polêmica gay: foi divulgado que o personagem Gerson (Marcello Antony) é um gay enrustido. O ator negou o fato em entrevistas, e o próprio Sílvio não confirmou nem negou a informação, preferindo disparar o clássico "Será que ele é?" ao ser indagado sobre o assunto.

 

Resta esperar para conferir. "Passione" estreia na Globo às 21h, nesta segunda (17).

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