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Repleto de celebridades-b, casamento de jornalista gay ganha transmissão ao vivo pela TV

Não foi de fato o primeiro casamento gay do Brasil, mas foi o primeiro a contar com presença maciça da imprensa, com direito até a transmissão ao vivo pelo Superpop, programa de Luciana Gimenez.  Era inúmera a quantidade de fotógrafos, câmeras e repórteres cobrindo o casamento do jornalista da Rede Tv! Felipeh Campos, 34, (ex-Pablo do programa Qual É a Música – aquela da voltinha) e do produtor de moda Rafael Scapucim, 26, na noite de ontem.

Os noivos chegaram à porta do Espaço Ônix, onde aconteceu a cerimônia, por volta das 21:10 (o casório estava marcado para as 20h30) dentro de um carro importado e com um motorista bem bonito e sorridente. Bem tipo fetiche. Demoraram quase vinte minutos para sair do automóvel. A espera virou piada para os jornalistas da imprensa marrom do tipo "nossa, ele nem olha… que besta" ou, as mais engraçadas, "Ah, eles estão fazendo as unhas", "Ih, já estão em lua de mel" ou "Devem ter perdido o batom… deixaram cair o gloss." Tá chega. Adiante.

Enquanto a imprensa destilava seu ácido senso de humor, do lado de dentro do salão tocava uma música africana com sons de atabaques, sinalizando o início do ritual e a entrada dos noivos.

Na hora de sair do carro, Felipeh e Rafael estavam descendo cada um de um lado. Um fotógrafo gritou "ah não, desce de um lado só". Rafael assustou-se, ficou sem reação. O repórter fechou a porta e ambos saíram, desta vez pelo mesmo lado. Os dois usavam na cabeça uma coroa de flor de louro e seguravam um terço de pimenta.

No caminho para o altar, nada de marcha nupcial. De música de fundo soava a melodia africana com atabaques. Ao invés do vermelho, bege foi a cor escolhida para o tapete. No caminho para o altar, muitas rosas e velas. O casal não desempenhou também o papel de noivo e noiva. Ninguém esperou ninguém no altar. Felipeh entrou primeiro acompanhado com a mãe, em seguida foi a vez de Rafael, também acompanhado da progenitora. Atrás do casal estavam a dupla de humoristas Carioca e Evandro Santo, respectivamente Robaldo Sperman e Cristian Pior, do humorístico Pânico na TV! E por falar em humor, o Rafael Cortez do CQC também figurava entre os repórteres.

Tirando o imenso grupo de jornalistas que cercavam os noivos, a cerimônia religiosa aconteceu sem maiores complicações. O pai de santo Cido de Oxum falou que se sentia feliz por celebrar o casamento porque estava "quebrando o preconceito do candomblé". Cido afirmou também que ninguém podia ser hipócrita e que cada um devia escolher seu caminho. "Felipeh e Rafael ‘escolheu’ [sic] o caminho deles."

Diferente de casamentos héteros cristãos, o pai de santo não mencionou nenhum "até que a morte os separe". "Vocês sejem [sic] feliz, se respeitem, se amem". Ciente da aparição do casal nos meios de comunicação. "A partir de hoje a história será outra, quando as pessoas abrirem as páginas dos jornais e verem que dois iguais se casaram, elas vão entender e vai haver mais respeito."

Após a troca de alianças, inúmeros flashes e um tímido selinho, o casal foi ao lado de fora onde soltaram uma pomba branca para simbolizar a paz.

Durante a cerimônia, era possível perceber alguns gays presentes. O casal de amigos dos noivos, Sandro, 30, e Junior, 21, trocavam beijos discretos e assistiram o casamento juntos, abraçadinhos e de mãos dadas. Questionados pela reportagem de A Capa se eram namorados ou casados, afirmaram que namoravam há dois anos. Trocaram um olhar cúmplice antes de responder que "sim, pretendemos nos casar, mas não como eles, não somos do candomblé." Se sentem falta de ter a união civil legalizada? "Claro, está na constituição que todos são iguais. Se héteros podem se casar e homos não, então não há igualdade de direitos. Esse artigo está furado", declarou Sandro.

A mesma opinião tem Evandro Santo, o Cristian Pior. "Meu filho, se eu te falasse tudo que eu sinto falta no Brasil seria uma lista imensa, mas sim essa é uma das coisas que eu sinto falta", afirmou. Trajando um vestido de noiva e questionado se não estava incomodado com a roupa, simplesmente disparou: "Imagina, eu não estou é querendo tirar o vestido [risos]", soltou o humorista que achou o casamento "divertido, brasileiro e [parou e pensou para falar] precursor".

Após a cerimônia em si, começou a festa que contou com a presença de algumas celebridades B como Jaqueline Khury (ex-BBB), Núbia Oliver (ex-casa dos artistas), Iris Stefanelli (ex-BBB/TV Fama), Beth Guzo (Ex-Cantora), Helô Pinheiro (Ex-Garota de Ipanema) e Décio Piccinini (Ex-Jurado de Programa de Calouros). Na trilha sonora as músicas "Nada pra mim", de Ana Carolina e "More than words", do Extreme.

Ana Fadigas, que foi editora e fundadora da revista G magazine, foi uma das madrinhas do casal. Estava tão emocionada, que chorava, como as mães dos noivos. "O casamento foi bonito. Gostei da cerimônia. E espero que agora as coisas mudem", desejava emociada a ex-editora da Revista G Magazine.

No topo do bolo, que estava no meio da pista, havia dois bonequinhos, um loiro e um moreno, representando os noivos. No bar, havia diversas opções de caipirinha (morango, uva, limão, abacaxi, morango com canela, kiwi, maracujá) e o drink Alaska – coquetel frozen preparado com creme de leite e licor de avelãs. Não foi servido jantar.

Ao sair da festa os convidados ganhavam um bem casado e uma pequena garrafa cheia de mini-pastilhas de chocolate, onde lia-se a inscrição "pílulas do amor".

Faltou a presença dos divulgados convidados políticos, Marta Suplicy, Sérgio Cabral e Kassab. Mas isso não interferiu o bom desenrolar do casamento. E ah sim, caso alguém tenha ficado curioso, o casal oficializou a união estável, firmando um contrato de parceria civil.

Boa sorte aos noivos.

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