A análise sobre como os serviços de streaming, especialmente a Netflix, tratam a representação queer em suas plataformas levanta questões importantes sobre autenticidade e marketing. Jon Heggestad, um entusiasta do cinema queer, reflete sobre suas experiências com as recomendações personalizadas da Netflix, que, embora pareçam oferecer uma variedade de conteúdos LGBTQ2S+, na verdade podem estar distorcendo a realidade da representação. Ao observar suas próprias recomendações, Heggestad percebe que muitos thumbnails de séries e filmes destacam casais gays que não são protagonistas, o que pode dar a impressão errada de que a narrativa queer é central quando, na verdade, é secundária.
Por exemplo, em sua análise, ele menciona a série ‘Heartbreak High’, que inclui um casal gay, mas o thumbnail que ele recebeu enfatiza personagens que não são o foco principal da trama. Este fenômeno não é exclusivo dele; seus irmãos, que têm contas com diferentes perfis de visualização, recebem thumbnails que refletem uma narrativa mais heteronormativa, evidenciando uma possível “straightwashing” na forma como o conteúdo é apresentado. Isso levanta questões sobre a sinceridade da Netflix em sua representação da diversidade e se o que parece ser uma celebração da cultura queer não é, na verdade, uma estratégia de marketing vazia conhecida como ‘pinkwashing’.
A Netflix admite usar algoritmos para personalizar a arte de thumbnail de acordo com o comportamento de visualização do usuário, o que significa que a imagem que um usuário vê pode não representar com precisão o conteúdo em si. É uma estratégia que visa aumentar o engajamento, mas que também pode criar uma percepção enganosa da diversidade. O ex-diretor de aprendizado de máquina da Netflix, Tony Jebara, explicou que a personalização é uma maneira de conectar usuários com conteúdos apropriados, mas a falta de transparência sobre como essas decisões são tomadas gera desconfiança entre os espectadores.
Além disso, a discussão sobre como a Netflix e outras plataformas de streaming utilizam essas estratégias de marketing se torna ainda mais relevante em um contexto em que a representação queer é cada vez mais solicitada e necessária. A demanda por visibilidade e narrativas autênticas é forte, e os espectadores esperam mais do que apenas uma fachada de inclusão. A verdadeira representação vai além de thumbnails; ela deve refletir histórias reais e experiências vividas, garantindo que a diversidade não seja apenas uma estratégia de marketing, mas uma parte integral do conteúdo apresentado. Assim, a reflexão sobre a representação queer na mídia se torna essencial, não apenas para o público LGBTQ2S+, mas para todos que buscam uma narrativa mais autêntica e inclusiva na cultura popular.
Quer ficar por dentro de tudo que rola? Dá aquele follow no Insta do Acapa.com.br clicando aqui e cola com a gente nas notícias mais quentes