A história das revistas queer underground na Índia é uma narrativa rica em resistência e criatividade, que se desenrola desde o início dos anos 2000. Apesar da imagem de conservadorismo cultural frequentemente associada ao país, a realidade é muito mais complexa. As revistas surgiram como uma resposta poderosa a um ambiente social opressivo, onde a diversidade de identidades era frequentemente silenciada. Publicações como Bombay Dost, Samraat e Astitva não apenas desafiaram normas sociais, mas também afirmaram a diversidade sexual e de gênero que sempre existiu na sociedade indiana.
Essas revistas, que eram mais do que meros veículos de informação, tornaram-se símbolos de resistência. Elas utilizavam a arte gráfica como forma de protesto, empregando visuais codificados e tipografias ousadas que falavam diretamente a um público que muitas vezes enfrentava repressão. As ilustrações eram cuidadosamente escolhidas para transmitir mensagens de aceitação e identidade, enquanto as escolhas tipográficas transmitiam um senso de urgência e empoderamento, desafiando normas de design tradicionais.
Um exemplo emblemático é o Bombay Dost, a primeira revista LGBTQ+ registrada da Índia, fundada por Ashok Row Kavi em 1990. Inicialmente distribuída de forma discreta, sua evolução em um produto comercializado ajudou a democratizar o acesso à informação e ao debate sobre sexualidade e amor, criando uma rede essencial para a expressão queer no país. Com design inspirado nas ricas tradições culturais indianas, como as intricadas esculturas eróticas dos templos de Khajuraho, essas publicações celebraram a queerness de maneira sutil, mas impactante.
A escassez de recursos e a necessidade de se manterem em um espaço underground levaram muitas dessas revistas a adotarem uma estética monocromática, o que, por sua vez, reforçou seu caráter de grassroots e resistência. O impacto dessas publicações foi sentido além das fronteiras indianas, com leitores enviando cartas de lugares como Afeganistão, Dubai e Irã, clamando por conexão e reconhecimento.
Embora muitas dessas revistas tenham deixado de circular, seu legado persiste, influenciando novos artistas e designers contemporâneos. A transição do meio impresso para o digital não diminuiu a importância de sua mensagem; pelo contrário, ela a revitalizou, mantendo viva a chama da luta pela aceitação e diversidade na Índia e além. Esse capítulo significativo não apenas na história do ativismo LGBTQ+, mas também na cultura visual indiana, continua a inspirar e desafiar novas gerações a expressar suas identidades de maneira autêntica e corajosa.
Quer ficar por dentro de tudo que rola? Dá aquele follow no Insta do Acapa.com.br clicando aqui e cola com a gente nas notícias mais quentes