Na manhã desta segunda 9, um empresário de Cabo Frio foi impedido de doar sangue no Hemolagos de Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro, após ter declarado ser gay. Mesmo vivendo em uma relação estável de oito anos com seu companheiro, o jovem foi considerado inapto para a doação por fazer parte de um “grupo de risco”. Em entrevista a uma rádio local, a responsável pelo setor de capacitação do centro, Lúcia Mendes, afirmou que o Hemolagos segue as resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). “A portaria 153/04 considera inabilitados para doação de sangue homens que tiveram relação sexual com outro homem”, explicou Lúcia. Para Cláudio Lemos, presidente do grupo gay Cabo Free, a rejeição ao sangue de homossexuais é apenas uma mostra da falta de conhecimento das autoridades do País. “Não é possível que tenhamos que fingir ser quem não somos para poder ajudar as pessoas. Nós que temos a coragem de expor nossa realidade somos os mais preocupados com o combate ao vírus HIV que hoje atinge, em sua maioria, os heterossexuais. Essa imagem de ‘peste gay’ há muito foi derrubada pelos boletins epidemiológicos”, salienta. Ongs de defesa dos direitos gays, como o GGB (Grupo Gay da Bahia), têm lutado há mai de 20 anos acabar com o preconceito que ainda rege as políticas de saúde do Brasil e fere a Constituição. “Essa resolução precisa ser revista e o lamentável fato acontecido hoje em Cabo Frio deve servir para sensibilizar as autoridades com relação a esse assunto tão delicado”, acredita Cláudio.
