No contexto nigeriano, onde a legislação anti-LGBTQ é severa, aplicativos de namoro como Grindr, Tinder e Bumble têm sido vistos como refúgios seguros para a comunidade queer. Contudo, esses espaços digitais, que deveriam promover conexões seguras e afetivas, estão se tornando cenários de violência e perseguição.
Recentemente, casos alarmantes têm surgido com maior frequência. Indivíduos homofóbicos estão se infiltrando nesses aplicativos com o objetivo explícito de atacar membros da comunidade LGBTQ. Eles criam perfis falsos, iniciam conversas amigáveis e, uma vez que ganham a confiança das vítimas, arranjam encontros onde exercem atos de violência física.
O relato de Biodun, um jovem nigeriano, ilustra essa terrível realidade. Ao marcar um encontro através do Grindr com um usuário chamado “Mamba”, Biodun foi brutalmente agredido. Esse tipo de incidente destaca a manipulação dessas plataformas por pessoas que as utilizam para disseminar o ódio e a violência contra a comunidade queer.
A implementação da Same-Sex Marriage Prohibition Act em 2014 pelo então presidente Goodluck Jonathan intensificou a discriminação e violência contra indivíduos LGBTQ na Nigéria. A lei não apenas criminalizou uniões do mesmo sexo, como também pôs em risco aqueles envolvidos em ativismos e suportes à comunidade LGBTQ, dando carta branca para ações violentas por parte de civis e forças policiais.
Essa realidade hostil forçou a comunidade LGBTQ a buscar refúgio em ambientes digitais. No entanto, a segurança que os aplicativos de namoro oferecem é precária, devido à capacidade dos agressores de explorarem as funcionalidades desses aplicativos, como a captura de tela, para fins maliciosos.
As histórias de Biodun e Daniel, outro nigeriano que compartilhou sua experiência, refletem um cenário onde o ódio e a intolerância são disseminados até mesmo em espaços que deveriam ser de suporte e segurança. A remoção da função de captura de tela pelo Grindr tinha a intenção de proteger a privacidade dos usuários, mas também trouxe novos desafios para verificar a autenticidade dos perfis.
Esses relatos evidenciam a necessidade urgente de medidas de proteção mais eficazes nos aplicativos de namoro, além de uma ação mais forte por parte das autoridades para garantir a segurança dos indivíduos LGBTQ. A comunidade internacional deve também reconhecer e responder aos desafios enfrentados pelos LGBTQs na Nigéria, pressionando por mudanças legislativas e proteção efetiva contra a violência homofóbica.
Em um mundo ideal, aplicativos como Grindr seriam espaços de liberdade e segurança. Contudo, a realidade na Nigéria mostra um panorama sombrio, onde esses aplicativos podem se transformar em armadilhas perigosas. A luta por espaços seguros, tanto físicos quanto digitais, continua sendo um desafio crítico para a comunidade LGBTQ na Nigéria.
