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Rompendo barreiras

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Quando somos crianças, as coisas nos parecem mais simples por não questionarmos tanto as ordens dos pais, os limites e imposições dos mais velhos. Crescemos e vamos aprendendo que há na vida uma maleabilidade maior e começamos a aprender a nos relacionar com outras pessoas através de afinidades, atritos, interesses e profissionalismo.

Ao começar um namoro, as coisas vão ficando um pouco mais complicadas. Começamos a ter uma pequena idéia do que é a vida a dois. Tudo é muito romântico e novo no início. Carinhos, carícias, flores, jantares, apresentações dos amigos e parentes dela, presentes, telefonemas, afagos. A convivência vai se tornando cada dia mais intensa e já não mais pensamos no singular. É preciso consultá-la para quase tudo, desde uma saída com amigos, uma viagem, uma hora-extra no trabalho, até mesmo para ficar em casa de bobeira e sozinha.

Como não somos tão perfeitas assim, as brigas e atritos são quase obrigatórios em um relacionamento. E dói… Como dói! Dói quando não somos ouvidas, quando não somos compreendidas, quando ela não age como esperávamos, quando ela esquece de algo importante, quando os nossos defeitos são gritados para quem quiser ouvir.

Se tudo isso for de alguma forma superado, vem, então, o casamento. O amor (ou a teimosia) venceu uma importante etapa e conseguiu unir duas pessoas sob o mesmo teto. Agora vem as despesas do casal, os cães, gatos, peixes e tartaruga, filhos, carros, compras de supermercado, torneira que pinga, chuveiro que queima, gás para trocar, louça para lavar.

O namoro toma uma forma bem diferente e uma força maior faz com que nosso olhar sobre o outro mude de algum jeito. O casamento faz o que era “meu” e “seu” se transformar em “nosso”. Faz com que o mundo dela se torne uma extensão do seu mundo e para que isso ocorra, o casulo de cada uma é rompido. Ao me casar, minha vida sofreu uma reviravolta tão grande, que até hoje, após 4 anos de convivência, ainda sou capaz de me surpreender com essa façanha que é a vida a dois.

Todas as nossas brigas doeram e sangraram até eu achar que não iria suportar mais. E, confesso, que a coisa mais linda do mundo é perceber que nós duas somos capazes de dar o braço a torcer quando necessário. Isso é romper barreiras. Isso é crescer.

Uma mulher perfeita, do jeito que sonhei, não me faria crescer, não me surpreenderia, não faria nada que eu não quisesse, não me desagradaria, mas também não me traria nada novo. Às vezes, quando a outra parte nos força a ver a vida de outro modo, é dolorido, é incômodo. Tudo o que nos tira da zona de conforto é ruim logo no início. Geralmente jogamos a culpa disso em quem está mais perto e corremos o risco de perder uma verdadeira companheira evolutiva. Calma, não que isso seja o fim do mundo, pois não é. Perde-se uma, mas ganha-se outra ou outras pelo caminho. A escolha é sua e não há caminhos mais certos do que outros. Libertar-se de algo que mais causa sofrimento que alegria, às vezes, se faz necessário.

Descobri com essa jornada, que crescer é perder o medo de não saber aonde isso tudo vai me levar. É saber que não controlamos tudo. É destruir o antigo para o novo surgir em minha vida. Crescer é perder a casca que construí durante tanto tempo, tentado me proteger do estranho, do novo. É saber que toda roupa apertada precisa ser trocada e que nada nesse mundo é em vão.

Minha mulher me ensinou e ainda ensina a importância de viver um dia de cada vez, de valorizar cada detalhe, de ser feliz e demonstrar isso. Ela me mostrou tantas coisas belas, que começaram com algum tipo de incômodo e que depois se mostrou tão imenso, tão importante a mim, que eu nunca terei palavras para agradecer a ela e ao universo.

Ela cresce e me faz crescer, é por isso que estamos juntos e o amor é o laço que dá sentido a todos os acontecimentos da vida.

VII Senale

Só para Elas na Bubu faz edição especial no próximo dia 20