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Rótulos para quê?

Estou em meio a uma leitura sobre um livro muito interessante que trata a questão da homossexualidade feminina ao longo da história da humanidade e foi impossível não parar para refletir sobre os diversos rótulos que têm sido dados para esse grupo ao longo dos tempos.

Sapatão, entendida, Maria João, machona. Fiquei pensando em todos os nomes e expressões que já ouvi ao longo dos tempos e, apesar de saber que nomeações são necessárias e úteis, considero que a grande maioria dos termos, literalmente, são preconceituosos. O que significam essas palavras? Grande parte das adjetivações implicam em acreditar que todas as mulheres lésbicas são necessariamente masculinizadas, ou ainda que a qualificação de uma lésbica só é possível a partir de um referencial masculino.

Quem não se lembra da marchinha “Maria sapatão, sapatão, sapatão, de dia é Maria e de noite é João”. Reforço que essa não é de forma alguma uma crítica as meninas que são mais masculinas, mas sim uma reflexão sobre a diversidade de estilos e comportamentos existentes entre as mulheres lésbicas e que não são englobados em terminologias como estas.

Pode parecer que estou jogando papo fora, mas acredito que é no dia-a-dia e em expressões e momentos cotidianos, piadinhas e brincadeiras, que as pessoas expressam muito dos seus preconceitos, que geram direta ou indiretamente conseqüências mais graves, como desigualdades perante a lei, agressões de ordem física ou psicológica, entre outros.

Por isso, acho importante estarmos todos atentos às palavras e expressões, o que elas revelam de nossa cultura, e como podemos contribuir, nós e amigos, com pequenos gestos, rumo a uma sociedade mais igualitária. Caso contrário, corremos o risco de reforçar velhos estereótipos e rótulos pejorativos.

* Liliane Rocha é editora do site Diversidade Global – www.diversidadeglobal.com. MSN: mitally1@hotmail.com.

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