A cidade de São Petersburgo, na Rússia, causou polêmica no mundo todo ao aprovar em fevereiro desse ano uma lei que proíbe qualquer tipo de manifestação gay sob pena de multa. Após a aprovação na cidade, outras nove regiões do país também acataram a resolução.
Agora, segundo o jornal britânico "The Guardian", a lei pode se tornar válida em todo o território russo. O parlamento do país deve votar no projeto no próximo dia 19 de dezembro.
A lei federal, que pretende banir a "propaganda gay" da Rússia, fez com que os ativistas relembrassem dos tempos da União Soviética.
"Esta é uma política ilegal de repressão. É uma estranha coincidência que esta lei seja analisada em 19 de dezembro, quando em 17 de dezembro de 1933, as autoridades soviéticas tornaram as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo ilegais. Eles argumentaram que os gays eram estranhos à sociedade soviética. Tanto tempo depois ainda estamos ouvindo o mesmo discurso", declarou Igor Kochetkov, chefe da LGBT Network, grupo russo de defesa dos direitos dos homossexuais.
O país suspendeu a proibição contra a homossexualidade em 1993. Mas, nos últimos anos, a repressão contra as manifestações em torno da comunidade gay por parte dos governantes só aumentaram. As Paradas Gays em Moscou sempre sofreram represálias violentas por parte das autoridades. Em junho passado as marchas do orgulho foram proibidas na cidade pelos próximos 100 anos. As investidas contra os LGBT contam com o apoio da Igreja Ortodoxa.
"A lei federal segue uma lógica fascista. Ela divide a população entre pessoas totalmente valorizadas e pessoas de meio-valor", diz Kochetkov. Segundo ele, a LGBT Network registrou um aumento no número de ataques contra gays e clubes gays na Rússia desde que as leis regionais foram aprovadas.
Se a lei nacional seguir os mesmos preceitos das regionais se torna ilegal escrever livros, publicar artigos ou simplesmente falar em público sobre ser gay, lésbica, bissexual ou transexual. Qualquer tipo de promoção da homossexualidade será punida. Os defensores da lei argumentam que ela visa proteger as crianças e promover os valores da família.
Na semana passada, Milão suspendeu o título de cidade-irmã de São Petersburgo por conta da lei anti-gay que vigora no município.
Em meio ao caos, ao menos uma resolução positiva. A Justiça considerou arbitrário o processo movido contra a cantora Madonna. Durante seu show na cidade russa, Madonna fez um discurso em defesa dos direitos dos homossexuais. Por conta disso um grupo conservador exigia uma multa de US$ 10 milhões a ser paga pela popstar. O tribunal de São Petersburgo arquivou o processo.