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Salete Campari encarna transformista Salomé em peça que estreia em SP; Leia entrevista

Estreia nesta sexta-feira, no Teatro do Ator, em São Paulo, a peça "Rosas Brancas para Salomé", dirigida por Nicole Puzzi e Julio Wargas e estrelada pela drag queen Salete Campari.

Na peça, Salete vive a transformista Salomé, figura icônica cujo auge artístico aconteceu em plena Ditadura Militar, nos anos 60. Escrito por Gladston Ramos, o espetáculo revive o personagem para contar as alegrias e dramas de uma das pioneiras da noite gay, que conviveu com outros mitos polêmicos, como Madame Satã, Dercy Gonçalves, Dalva de Oliveira e Elizete Cardoso.

Este é o primeiro desafio solo de Salete Campari nos palcos. Em entrevista ao site A Capa, a onipresente drag conta como se preparou para o papel e fala ainda de sua campanha a deputada estadual, que será oficializada em junho. Confira:

Este é seu primeiro desafio solo no teatro, como está sendo a experiência?
Sempre gostei muito de teatro. E depois de quase 30 anos de carreira, avalio que tenho uma boa relação com os palcos. No entanto, sempre que encaro um novo projeto, dá aquele friozinho na barriga. Ainda mais no caso da Salomé, que é uma experiência diferente de muitas das que vivi. Mas adoro desafios e me senti desafiada em encarar o palco sozinha, atuando, claro, porque atrás do palco tem uma equipe enorme comprometida com a consolidação desse projeto. Desafios sempre são positivos, faz com que a gente se esforce para superar limites, sempre aprendo muito com isso. A temática desse projeto também ajuda muito. Pra mim está sendo uma grande honra interpretar uma travesti guerreira, que representa a força da população LGBT em buscar e conquistar a dignidade e direitos civis que muitas vezes são negados por esta sociedade.

De que forma você se preparou para o papel? Quanto tempo de ensaio?
Sabe, quando recebi a proposta pensei que precisaria muito fazer um laboratório. Mas conforme fui me interando do roteiro percebi que todos esses anos da Salete na noite foram um laboratório completo para compreender a vida de uma travesti. Ser hostess de boates gays, principalmente na região central de SP, onde mais tempo trabalhei, é mais do que receber bem as pessoas. Ser hostess é também ouvir os problemas, preocupações e muitas vezes aconselhar também. Já ouvi diversas histórias envolvendo travestis, então pude conhecer muito das suas dificuldades e isso me inspirou muito para interpretar a Salomé. Os ensaios, muito intensos, semanais, muitas horas e quase todos os sete dias da semana. Mas estou animada, sei que esse esforço terá um resultado fantástico!

Que memórias de Salomé a peça pretende resgatar?
Salomé era única, excêntrica, misteriosa, contagiante. Sua vida era quase obra literária. Cada detalhe de seu cotidiano será explorado com muito carinho, e prometo que irá envolver todo o público também.

Além de atuar, você ficou responsável pela cenografia e o próprio make-up. Foi muito difícil conciliar todas essas funções?
Difícil sempre é, mas a gente dá um jeitinho. Refletir nisso é algo interessante, as iniciativas culturais que envolvem uma temática LGBT não possui facilidades para receber patrocínios de grandes empresas da iniciativa privada e muitas vezes do poder público também. Essa experiência me faz pensar em o quanto ainda precisamos conquistar de visibilidade e direitos, afinal de contas nossa cultura e nossa arte também merecem receber apoios dos órgãos de cultura. Quem sabe assim, no próximo projeto, fico apenas com uma função (risos).

Qual é a importância de relembrar Salomé nos palcos, principalmente para a geração que não a conheceu?
Como disse anteriormente, a Salomé é uma guerreira. Relembrar suas dificuldades sociais e emocionais provoca uma reflexão importantíssima do que já conquistamos e as dificuldades que ainda estão presentes. Além de relembrar o saudosismo da noite gay naquela época. Tenho certeza que a história de Salomé irá mexer com todos, provocando as mais diversas reações, de risos a lágrimas.

Mudando da água para o vinho, como estão os preparativos para as eleições? Tem alguma coisa que possa nos adiantar?
Posso sim. Estamos todos muito animados. Eu, meu grupo de apoio, todo o partido e sinto que os brasileiros também. Neste fim de semana estarei no Encontro Estadual do meu partido, o Partido dos Trabalhadores. Lá iremos oficializar a pré-candidatura do senador Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo e da ex-prefeita Marta Suplicy ao Senado. Será uma grande festa com a presença do nosso presidente Lula e da ministra Dilma [Rousseff].

E a sua candidatura? Quando deve ser oficializada?
Em relação a minha campanha, estamos nos preparativos, ela deve ser oficializada na convenção do PT em meados de junho. Mas já estamos trabalhando muito, construindo nossas propostas, dialogando com associações, ONGs e pessoas comuns também. A experiência das outras duas vezes que fui candidata está dando resultado, estou mais organizada, planejada, e estou num partido que acredito. Um partido que em oito anos de governo mudou a vida de milhões de pessoas, dando oportunidade, gerando renda e dialogando com as minorias. Tenho uma grande responsabilidade, além de falar, conversar e tentar convencer nossa comunidade da importância de termos representantes no Poder Legislativo. Tenho a responsabilidade de ajudar a garantir a continuidade deste projeto que está mudando o Brasil, e a companheira Dilma irá continuar este grande trabalho. Pode escrever aí: Salete Campari será uma grande soldada para a 1ª mulher presidente do Brasil.

Serviço:
"Rosas Brancas para Salomé"
Teatro do Ator – Praça Franklin Roosevelt, 172 – Consolação
Estreia: 23 de abril, às 21h
Todas as sextas-feiras
Ingresso: 2 kg de alimentos não perecíveis ou R$ 10,00 para o espetáculo.

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