Era para ser só uma festinha com as amigas, mas o samba pegou as cariocas de jeito. Toda terça, em plena Lapa, o grupo Conversa de Malandro toca um ótimo repertório de samba de raiz para um público pra lá de simpático. Além de curtir a música, dançar e beber uma cerveja, as meninas também aparecem para “circular”. A festa do grupo Conversa de Malandro chega à 20ª edição e se consolida como um ponto de encontro de meninas que gostam de meninas.
“Tive oportunidade de fazer uma festa na Lapa e na hora pensei em samba e nas meninas. No Rio, só há música eletrônica e rave para elas”, ressalta a produtora e idealizadora do projeto, Soraya Sadala. E o Conversa começou junto com a festa. “Fizeram o primeiro show sem ensaiar. Agora, a gente está chegando à vigésima edição com participação desse público (lésbico). O samba é nosso”, diz Soraya. Integram o grupo a vocalista Bruna Baffa, Julia Ramalho (percussão), Felipe Girardi (violão e voz), Daniel Samam (cavaquinho e voz) e Allan “Boi” (percussão).
Hoje, a festa já conta com quase 400 amigos no perfil do orkut e uma média de 200 pessoas por noite, a maioria meninas. As produtoras fazem a “chamada” pelo próprio site de relacionamento, distribuem alguns flyers, mas é o boca a boca que tem atraído cada vez mais adeptas ao samba em plena terça-feira. “Antes só havia guetos para meninas. Mas o samba em plena Lapa chamou a atenção das meninas”, diz Renata Benevides, colaboradora da festa.
À vontade
Mas, com tanto samba na Lapa, porque as meninas escolheram justamente esse para freqüentar? Segundo Renata, “as meninas vão para lá porque se sentem muito à vontade para ser o que são. Não há repressão contra a liberdade delas”, argumenta. E como sentem. É o caso de Noelle Drumond que, até freqüentar a festa, ainda não tinha “saído do armário”. “O clima da festa, que mistura gays e simpatizantes, faz qualquer um dar asas à imaginação. Fazer o que der vontade sem se preocupar com quem está ao seu redor”, confessa a estudante de jornalismo.
Ainda tem aquelas que batem ponto mesmo, ou seja, vão a todas as terças-feiras. Um exemplo é Valéria Nascimento, guia turística e boêmia de carteirinha. Além de não perde uma edição, ela faz propaganda da festa para todas as amigas. “Se você é fã do ditado ‘bom, bonito e barato’ esse é o lugar ideal. Samba de melhor qualidade, produção organizada e as meninas então, nem se fala! Curte dançar um samba coladinha com outra menina?”, provoca Valéria.
Mariana é outra que não faltou uma edição. “Gosto da mais pura e contagiante energia que circula pelos salões do Brasil Mestiço, gosto da simplicidade, do carisma, da dedicação das produtoras e do grupo. Ali você constrói boas amizades, pessoas que estão ali para relaxar, esquecer de todos os problemas, crises etc. Não tem como deixar de ir, gente bonita, simpática, cerveja boa, música de alta qualidade”, E acrescenta com o samba do Dorival Caymmi: “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé”.
E para as curiosas, fica o recado de Soraya: “É samba e amor a qualquer hora”. Quem quiser saber mais sobre a festa e o público que freqüenta, só entrar no perfil do Conversa de Malandro no orkut e acessar as fotos no picasa web.