in

Scissor Sisters faz show bafônico para plateia colorida e gay

O relógio marcava 22h. Horário programado para a única apresentação da banda Scissor Sisters em São Paulo, na noite de segunda-feira (22). A Via Funchal, na Vila Olímpia, ainda estava bastante vazia. Mas o show atrasou, e o público foi chegando, até lotar o local.

Centenas de rapazes, promovendo um verdadeiro desfile de moda, divertido e eclético. Tinha de tudo um pouco: gays arrumadinhos e cintilantes, bichinhas poc-poc multi-coloridas, estilosos em geral, gente com brilhos e glitters, new wavers, rockers, casuals etc… Se o Planeta Terra foi quase um parque de diversões gay, com os shows de Mika e Of Montreal, o show do Scissor foi o Gay Day total. A imensa maioria da plateia era masculina – presume-se que gay -, com algumas garotas aqui e ali, e até alguns – poucos – casais héteros.

Com o local tomado por essa plateia colorida, enfim a banda entrou no palco, às 22h45. Começou a apoteose. Jake Shears e sua turma foram saudados com histeria pelo público, que pulou do início ao fim, berrando todas as letras das canções.

O Scissor Sisters manteve o público na mão durante todo o show, demonstrando enorme presença de palco e domínio cênico – Jake e a também vocalista Ana Matronic comandaram o show com potência, muita desenvoltura e charme.

Um dos momentos de deboche foi quando Ana mencionou o show de Paul McCartney, que se apresentava exatamente na mesma hora, no estádio do Morumbi. "Nosso show é mais divertido do que o dele!", disparou a vocalista, entoando a faixa "Paul McCartney", do álbum "Ta-Dah", segundo na carreira do Scissor.

Os hits certeiros do grupo estavam lá, como "Take Your Mama", "Confortably Numb" (cover de Pink Floyd), "Fire With Fire" e, claro, o maior sucesso da banda, "I Don’t Feel Like Dancing", que abriu o bis – nesta última, Jake optou por cantar a música inteira em uma oitava vocal abaixo da gravação original, enquanto as backing vocals seguravam o tom agudo. Jake já havia avisado que estava com problemas na voz, logo depois da faixa "Any Wich Way".

Infelizmente a qualidade sonora da casa deixou a desejar, com o som um tanto empastelado, resultado talvez de uma má equalização. Era difícil às vezes escutar as letras das faixas, principalmente no microfone de Ana. As faixas finais estavam quase ensurdecedoras.

Mas nada disso abalou a autoconfiança da banda e a devoção religiosa do público. Muitos berravam "Lindo!" e "Gostoso!" para Jake, e até alguns rapazes abusados carregavam um cartaz onde se lia: "Mostra a Neca!"

Jake não mostrou a "neca", e sim a bunda: no término do show, o vocalista – que iniciou o espetáculo vestindo um macacão de vinil preto – estava com outro macacão, e já com as alças para baixo, exibindo o peitoral todo trabalhado. E eis então que ele vira de costas para o público e abaixa o macacão, revelando que estava sem cueca, arrancando gritos da plateia. Na sequência, ele destruiu o pedestal do microfone com golpes enlouquecidos no chão, enquanto Ana atirava água em cima dele – e depois na plateia.

E assim o público saiu de alma lavada, enquanto a equipe da festa paulistana Gambiarra montava seu quartel-general no palco para iniciar uma discotecagem. Quem ficou por lá certamente se jogou, pois como muitos previam antes do show: "No final isso aqui vai virar uma boate de pegação!"

Entrevista: Malu de Martino

Ximbica lança paródia de música de Katy Perry; assista